terça-feira, 27 de abril de 2010

Subsídio de desemprego

A minha amiga Luisa encontrou na rua uma rapariga que trabalhava numa loja, lá na rua, que fechou. Manifestou-lhe solidariedade e a rapariga respondeu: "Até foi bom. Ganho mais 10,00 € com o subsídio de desemprego do que a trabalhar".
Se acabassem com o subsídio de desemprego, muito desempregado estaria a trabalhar.
Incentivar a preguiça é uma forma de aumentar o desemprego.

Sou a favor de um subsídio de emprego. Quem ficasse desempregado tinha duas alternativas - ficar em casa sem ganhar nada ou ir ajudar numa escola, num hospital, numa Cãmara, numa Junta de Freguesia, numa repartição, ... e, no fim do mês, receber um subsídio de emprego. Isso incentivava a procura de emprego.

Quem ganha mais no desemprego do que a trabalhar, nada fará para arranjar outro emprego.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ontem foi 25 de Abril

Ontem fiz uma pequena viagem com os meus netos mais velhos. Perguntei ao mais velho o que tinha aprendido na escola sobre o 25 de Abril. Das duas, uma. Ou o(a) professor(a) não sabe o que foi o antigo regime ou a sua opinião é política e não histórica. Acompanho o pouco que de bom e as moles de asneiras que se têm feito neste país. Não entro em euforias e tento ver os sinais que permitem prever como será no futuro. Quando se deu o 25 de Abril eu não vivia à custa dos pais. Não andava no liceu. Nem na universidade. Trabalhava e já era mãe de duas filhas e meia. Uma vida cheia de responsabilidades. Sei reconhecer o que de bom e mau tinha o antigo regime. Tinha muita coisa boa, contrariamente ao que se pretende passar às novas gerações. Mas a alegria com que vivi o 25 de Abril, começou a esmorecer no dia 26 e acabou por desaparecer. Os sinais estavam lá. Era de prever que o povo não tinha capacidade para lidar com a liberdade e que os políticos oportunistas recém-nascidos iam desbaratar a “pesada herança” em dois tempos. E assim foi. E continuamos a ver os políticos a enriquecer escandalosamente. Eles decidem as suas regalias e o povo, que dizem representar, é coisa que nem lhes passa pela cabeça.

A primeira grande asneira foi o lema “somos todos iguais”. Não éramos, não somos e nunca seremos todos iguais. Em educação, em cultura, em trabalho, em honestidade, em frontalidade. Mas para “sermos todos iguais” havia que nivelar. E os sucessivos governos foram nivelando. Cada vez mais por baixo. O que significa que somos cada vez mais diferentes já que, felizmente, houve quem resistisse sempre a esse nivelamento por baixo.

O regime político passou a chamar-se democracia. E nessa coisa a que chamam democracia, o país vive dos partidos políticos e os partidos políticos vivem de lugares para os seus amigos. Então esquartejou-se um país, que pouco maior é que uma quinta grande, em milhares e milhares de quintais, as freguesias, algumas com cerca de 1 km2 de área. Esse quadrado de 1 km de lado (que pode ser um grande pomar ou uma grande plantação de tomates) custa-nos um edifício para uma Junta de Freguesia, com todas as despesas de manutenção, uma série de adjuntos, secretários, … (eu sei lá!) que trabalham directa ou indirectamente para essa Junta. Não sei quanto gasta o Estado (todos nós) para sustentar esta chusma de gente perfeitamente desnecessária. E agora falam novamente em regionalização. Para quê? Para aumentar o número de tachos. Não tentem convencer-me que descentralizar é o mesmo que regionalizar. Qualquer Governo pode descentralizar mas, até hoje, nenhum o fez. Isso não dá mais empregos para os amigos. Regionalizar, isso sim. Aparecem os tachos. Portanto, a pergunta se é a favor ou contra a regionalização é demasiado simplista. Eu sou a favor da regionalização desde que se agrupem dezenas de freguesias numa só. Sou contra a regionalização se ela trouxer aumento da despesa.

A política, depois do 25 de Abril, serviu para tudo. Até para colocar no Parlamento um número de deputados perfeitamente idiota por exagerado. Que nos gastam uma fortuna e pouco fazem. Basta ir visitar o Parlamento num qualquer dia. Eu estive lá em Janeiro e fiquei chocada. Saem, entram, lêem o jornal, vêem o correio electrónico, actualizam os facebooks, h5 e afins, jogam nos computadores. Uma vergonha. Quando o deputado que tem a palavra, termina a sua exposição, os do seu grupo parlamentar, que não ouviram rigorosamente nada, batem palmas. Para um país como o nosso, 50 deputados chegavam e sobravam. E a desculpa de que os políticos têm que ser bem pagos para se minimizar a corrupção, até assusta. Mostra bem o conceito que eles têm dos seus valores éticos.

Aqui há uns anos, ainda no tempo do escudo, estava a almoçar num restaurante e ouvi a conversa de dois cavalheiros da mesa contígua. Um deles tinha entrado para o parlamento numa substituição. O presidente da bancada sugeriu-lhe que fizesse parte da Comissão da Agricultura. O dito cavalheiro disse que, sendo advogado, não fazia sentido pertencer a uma Comissão de que nada sabia. Mas o presidente insistiu. Como não havia vagas noutra Comissão, ele devia aceitar a da Agricultura porque, por cada assinatura, recebia 20 contos. É esta a ética dos parlamentares. Roubar o mais que podem. E ainda têm a lata de dizer que estão lá por Portugal e pelos Portugueses. Estão lá por eles e para eles.

O PEC, cuja finalidade tenta ser tirar-nos do buraco onde dezenas de Governos nos meteram, só aponta no sentido de prejudicar os que não estão ligados à política. Ninguém fala do que podíamos poupar se reduzíssemos significativamente o número de freguesias ou o número de deputados. Reduzir o número de tachos não agrada aos políticos, mesmo para bem do país que eles dizem representar.

Portugal não merece os séculos de história que tem. Comporta-se como um emergente novo-rico sem princípios. Mas isto vai acabar na rua, não com cravos mas com sangue. Já faltou mais.

(Tudo o que disse não se aplica a qualquer político honesto que eventualmente exista)


sábado, 17 de abril de 2010

Os mortos não falam

As escutas que envolviam o nosso primeiro foram destruídas.
A Independente foi fechada.
Os papeis da Covilhã (Guarda?) desapareceram.
...
Os mortos não falam. Quanto aos vivos com responsabilidades que, no Parlamento, dizem "manso é a tua tia, pá" deviam ser calados.

A carreira política é a única onde se pode entrar sem qualquer habilitação, educação, qualificação, ... e onde se é patrão de si mesmo. Daí a qualidade deplorável da maioria.

É o país que um povo de analfabetos, mesmo que qualificados, quer que tenhamos. E, em democracia, a opinião de dez patetas insensatos vale mais que a de dois inteligentes sensatos.