segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Em jeito de rescaldo

Todos ganharam menos eu. Eu e os meus concidadãos.
Os portugueses têm, definitivamente, os políticos que merecem.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Vou votar contra

No próximo domingo vou votar. Tarefa difícil. A escolha entre o mau e o péssimo é sempre muito complicada.

O meu voto não é favor de ninguém. O meu voto é contra Sócrates.

Em Setembro do ano passado vi-me forçada a abandonar a profissão que escolhi em nova e da qual gostei imenso. Não teria passado o que passei se assim não fosse. A minha reforma veio no final de Novembro e a 9 de Dezembro de 2008 escrevi esta carta aberta à Ministra da Educação. Este o principal motivo porque voto contra Sócrates. Não perdoo que a Ministra me tenha impedido de não fazer greve, requisitando-me civilmente como não perdoo que me tenham roubado o prazer que eu tinha em exercer a profissão que escolhi.
O estado a que este Governo deixou chegar a Educação é a principal razão por que voto contra Sócrates. Mas há mais. Muitas mais.

Não perdoo que, por motivos políticos, o senhor que está à frente da CCDR Centro tenha colocado na prateleira, até pensar noutro destino a dar-lhe, um cunhado meu, Engenheiro Civil e Técnico Superior, que fez o estudo de impacte ambiental de um troço do TGV e lhe deu parecer negativo. Ousou dar um parecer que ia contra a vontade expressa do Governo. Claro que o mesmo chefe arranjou, posteriormente, um parecer favorável, assinado ou não por um Técnico Superior. Ao meu cunhado só restou pedir e reforma antecipada com penalização. A minha irmã, também do mesmo serviço, ficou em fila de espera para ter o mesmo destino. Também só lhe restou pedir a reforma antecipada com penalização. Isto lembra muito o que se passava com Salazar. Também ele não aceitava que alguém ousasse pensar diferente.

De gente desta quero distância. Quero o PS longe. Os outros não serão muito melhores mas piores não podem ser.

Que raio de país é este onde após 35 anos do 25 de Abril ainda não houve um partido que ganhasse umas eleições por mérito próprio. Todos os que vencem conseguem-no por demérito dos outros.

E o pior é que, em democracia, tem que se viver dos partidos políticos.

Vou votar e fazer de conta que acredito que algo vai mudar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Prioridades

“A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, confessou hoje que a decisão de prolongar a escolaridade obrigatória até ao 12º ano foi "a mais importante" que o Governo tomou na área da educação.” – jornal Público

Esta ideia do alargamento da escolaridade até ao 12º ano foi “dada à luz” por Durão Barroso. Mas apareceu-lhe um lugar com vencimento apetecível e ele, deixou a ideia e o resto e foi-se embora. Se calhar a pensar no nosso bem… ihihih

Quando se alargou a escolaridade obrigatória para o 9º ano, a única coisa que se fez foi passar a quarta classe para os 15 anos. Até essa idade não se chumba sem o Encarregado de Educação se pronunciar e, se se optar pelas Novas Oportunidades é mesmo proibido reter alunos. Nas escolas em que o Director foi “eleito” com ajuda do representante da Câmara socialista, as coisas tornam-se ainda mais fáceis. As estatísticas vão sempre ao encontro da vontade da Ministra nem que para isso se altere a escala das avaliações.

Agora a Ministra encontrou a maneira de alterar as estatísticas dos resultados do ensino secundário. Como a escolaridade obrigatória até ao 12º ano, só os professores do ensino superior poderão pôr cobro a isto. É que os analfabetos saem com o 12º ano. Se o PS ganhar as eleições, o sucesso escolar passará para os 100%. E Sócrates vai encher a boca com essa estatística que nos coloca na pool position da Europa.

E os portugueses, que numa grande maioria são burros, ficam felizes e não pensam que os seus filhos têm o futuro comprometido. Já há empresas, que eu conheço, que não colocam nenhum jovem com um curso profissional tirado em nenhuma escola pública. Mas, para esses portugueses, as estatísticas são mais importantes que os filhos.

Prioridades…

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Uma bolacha aos professores

Logo no início da legislatura, José Sócrates disse que a classe docente era uma classe privilegiada e que tinha que perder esses privilégios. Será privilégio passar o dia a lidar com a má educação dos filhos dos outros? Será privilégio andar há décadas a saltar de reforma em reforma sabendo que nenhuma delas será, sequer, avaliada? Será privilégio ter uma ou duas faltas quando o atraso ultrapassa 5 minutos? Será privilégio ter que arranjar um atestado médico falso no caso, por exemplo, de encontrar um acidente rodoviário quando, atempadamente se sai para fazer uma vigilância? Será privilégio comprar um impresso cada vez que se retoma o serviço após as férias ou uma gripe? Será que é privilégio chegar ao topo de carreira com um ordenado inferior a um médico nas mesmas condições ou, muitíssimo menor que um profissional equivalente numa empresa? Será privilégio ser obrigado a passar todos os alunos dos CEFs e dos CPs? Será privilégio ter muros quase intransponíveis para reprovar um aluno do 1º, 2º ou 3º ciclo e, ainda, pedir ao Encarregado de Educação licença? Será que é privilégio ter reuniões que duram até às 22 horas, sem qualquer compensação?

Pena que José Sócrates não fale dos privilégios dos políticos, particularmente os dele.

Mas as pessoas escolhidas por José Sócrates também insultaram.

“admito que perdi os professores, mas ganhei a opinião pública” – Maria de Lourdes Rodrigues, Junho 2006.
“vocês (deputados) estão a dar ouvidos a esses professorzecos” – Valter Lemos, Janeiro 2008
“caso haja grande número de professores a abandonar o ensino, sempre se poderiam recrutar novos no Brasil” –
Jorge Pedreira, Novembro 2008
“quando se dá uma bolacha a um rato, ele a seguir quer o copo de leite” - Jorge Pedreira, Novembro 2008

Agora, que estão eleições à porta, Sócrates vem dizer que talvez tenha havido falta de delicadeza no tratamento com os professores e que é infantil pensar que o Governo trabalhou contra os professores.
Eu não esperava delicadeza de pessoas sem berço cuja vida se passou nos corredores imundos da política. Mas seriedade e justiça, essas tenho o direito de exigir enquanto cidadã que cumpre todos os seus deveres cívicos.
Infantil
é pensar que, depois da maneira como o Senhor Primeiro-ministro e a sua equipa tratou os professores nesta legislatura, algo vai mudar. A sua arrogância e falta de delicadeza tendem a piorar com a idade.

Depois de todos os nomes que nos chamaram e da maneira como nos trataram (o que me obrigou a fugir antecipadamente da profissão que escolhei, que adorei e que exerci 36 anos) só faltava o senhor chamar-nos atrasados mentais. Se quer sacudir as responsabilidades da sua acção governativa na educação para a Ministra e os Secretários de Estado da Educação, que o senhor escolheu e sempre defendeu com unhas e dentes, faço-o cara a cara com eles e não meta os professores nessas guerra. O que está a fazer é baixo. Muito baixo mesmo.