quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ainda está para nascer...

...um Primeiro-ministro que consiga causar tantos danos na Educação em tão pouco tempo como conseguiu José Sócrates.

Inconsoláveis

A minha mãe e a minha tia estão inconsoláveis.
O solar brasonado dos meus bisavós, referido no livro “As mais belas vilas e aldeias de Portugal”, onde nasceu e viveu a minha avó materna é em Aguiar da Beira. Era a chamada “casa do fundo de Vila”. Foi nessa terra que a minha mãe e a minha tia nasceram e cresceram.

Aguiar da Beira é uma terra da Beira Alta que se pode orgulhar de possuir três monumentos nacionais num pequeno espaço: o Pelourinho manuelino, a Torre do Relógio e a tribuna do antigo senado municipal. Tirando o solar dos meus bisavós, nada na terra é hoje bonito.

Lá morava também um casal humilde e com enormes qualidades morais. Era o Sr. Albano caiador (assim o tratavam) que tinha uma lojinha de tudo e onde também era tanoeiro. O Sr. Albano e a mulher tinham um filho de nome Manuel Joaquim Dias Loureiro.

A minha mãe e a minha tia lamentam-se: “Coitadinhos do Sr. Albano e da mulher. Oxalá já tenham morrido que eles não aguentavam a vergonha de terem cá deixado um filho assim.” Dias Loureiro pouco deve ter herdado dos pais. Foi presidente da Assembleia Municipal de Aguiar da Beira entre 1997 e 2005, teve cargos no Governo e foi Conselheiro de Estado. Não me parece que esses cargos tenham feito dele milionário. Mas o que é facto é que chegou a declarar rendimentos superiores a Belmiro de Azevedo. Quis comprar (e insistiu) o solar dos meus bisavós que uma das primas direitas da minha mãe restaurou.

Aqui há uns bons anos, já Dias Loureiro era “cão grande” a minha mãe foi ao Hospital de Viseu porque tinha sido internada a caseira. Veio uma Senhora cumprimentá-la e disse-lhe: “Sra. Dra. Já não se lembra de mim. Eu fui criada sua mãe.” Esta Senhora simples era a mãe do arrogante Dias Loureiro.Por que enriquecem todos os políticos de hoje?

Eu já era casada e mãe de duas filhas e meia quando se deu o 25 de Abril. Vivi o chamado fascismo durante vinte e tal anos. Salazar nasceu numa pequena casa em Santa Comba Dão e morreu com a mesma casa. Os políticos serviam o país. Hoje servem-se do país. É isto a democracia? Para eles enriquecerem tem que haver os que empobrecem.
O que se passa nos bastidores da política, e nós só conhecemos um milionésimo, é perfeitamente escandaloso e inaceitável e, até hoje, nunca nenhum político foi preso. Por alguma razão eles se esgadanham todos para ir para o poder.

Se pudesse haver uma investigação séria e imparcial a todos os políticos, poucos ficariam em liberdade. Mas os advogados e os juízes também querem estar de bem com o poder.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os números de Sócrates (2)

A validação de competências, que dá diplomas sem jeito com muita pompa e a presença do Primeiro-ministro e da Ministra da Educação ou de um dos seus Secretários de Estado (entre os dois venha o diabo e escolha), é também uma das medidas com que o PM mais enche a boca. É mais um embuste e eu remeto para um artigo que publiquei aqui há tempos. Já tomei conhecimento de mais uns quantos do mesmo teor.
Esta equipa governativa não mente quando diz que entregou milhares de diplomas de qualificação a milhares de portugueses. Efectivamente entregou os diplomas mas a portugueses sem qualquer qualificação.

http://destramar.blogspot.com/2008/07/novas-oportunidades.html

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Os números de Sócrates

Quando Sócrates faz os elogios às suas políticas desta legislatura, vem sempre com a diminuição brutal do abandono e insucesso escolar, com os milhares de pessoas que adquiriram qualificações através das Novas Oportunidades, do RVCC e com a diminuição das faltas dos alunos.
Os números que Sócrates e a sua Ministra divulgam são verdade mas vamos ver em que se baseia essa verdade. Hoje debruço-me sobre os Cursos Profissionais e os Cursos de Educação e Formação.
Em 1989 foram criadas as Escolas Profissionais vocacionadas para a formação de técnicos intermédios de nível III. Surge uma alternativa de formação de nível secundário. As Escolas Profissionais merecem toda a minha consideração por terem tido a capacidade de ultrapassar todos os obstáculos que foram surgindo, acabando por conseguir que, dentro do Ensino Secundário, o Ensino Profissional conseguisse os melhores resultados escolares. O facto de as Escolas profissionais serem, na sua maioria, pequenas, terem uma organização pedagógica baseada numa autonomia flexível e inovadora e uma grande ligação às empresas, à comunidade e às instituições, permite um acompanhamento mais personalizado e um maior sucesso escolar. Claro que há Escolas Profissionais a funcionar mal mas, a grande maioria funciona muito bem. O saber acumulado pelas Escolas Profissionais, exemplo de boas práticas, deveria ter sido passado para as escolas públicas para, com tempo, estas se prepararem para oferecer também cursos profissionais. As Escolas Profissionais por si só, não têm possibilidade de formar os técnicos de que o país precisa. O princípio em que baseia o Programa das novas Oportunidades nada tem a ver com o ensino clássico. Os professores das escolas públicas tinham necessidade de formação e as escolas de instalações e equipamentos. Não foi esse o entendimento do Governo. As estatísticas sempre falaram mais alto. No ano lectivo 2004/2005 implementou-se o ensino profissional em algumas escolas públicas. No ano seguinte, pelo menos na DREN, as escolas foram obrigadas a abrir Cursos Profissionais e Cursos de Educação e Formação mesmo que desconhecessem em absoluto o espírito, as exigências e o perfil de saída dos alunos destes cursos. Depois foi alargado, exponencialmente e de uma maneira atabalhoada a oferta voluntária “à força” de cursos profissionais nas escolas públicas sem que as mesmas tivessem tido a preparação necessária no que se refere a recursos humanos e materiais. Mas este Governo vive de metas que cumpre a qualquer preço.
“O Governo propunha-se atingir a meta de, em 2010, ter metade dos alunos do secundário a frequentar a via qualificante e, actualmente, à entrada no 10º ano, já alcançámos o objectivo", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, em declarações à agência Lusa, a propósito das comemorações públicas, que se iniciaram em Janeiro. (Imprensa, 4 de Janeiro de 2004).
E assim temos milhares de Cursos Profissionais e Cursos de Educação e Formação em escolas públicas de qualidade mais do que duvidosa. Incentiva-se e autoriza-se a abertura de qualquer curso em qualquer escola sem que as DRES verifiquem se as escolas possuem as condições para a sua leccionação. Temos, por exemplo, um Curso Profissional de Controlo e Qualidade Alimentar numa escola que não tem uma cozinha, um frigorífico, um fogão e uma série de equipamentos necessários ao tratamento de alimentos. Exemplos como este são aos milhares. Ou seja, as escolas desenrascam fingindo que leccionam um curso eminentemente prático. Em muitas escolas temos mais do mesmo com outro nome.
Tenho um amigo que tem um restaurante/bar e já me disse que quando lhe aparece um candidato a cozinheiro, empregado de mesa/bar ou técnico de cozinha/pastelaria com um curso profissional tirado numa escola pública, nem perde tempo. A resposta é logo não. A experiência mostrou-lhe a diferença entre a formação dos alunos qualificados pelas escolas públicas e pelas escolas privadas.
Realmente os números que o Governo propagandeia são correctos. Temos milhares de analfabetos qualificados a quem a Ministra ou o Primeiro-ministro entregam diplomas frente às câmaras da televisão e muitos dos que vêm não sabem como estes jovens ali chegaram e como vão pagar caro aquele diploma.