quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Adeus Red Bull Air Race

No estado comatoso a que os políticos conseguiram levar o nosso país, o Red Bull Air Race não é nada. Mas mostra mais uma vez que, para os políticos, Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Os governantes não aguentaram ver o sucesso de uma prova de renome mundial nas zonas ribeirinhas do Porto e Gaia. Por coincidência duas autarquias PSD. E toca a “roubá-lo” para Lisboa.
Não entro em disputas Lisboa-Porto e, embora seja tripeira de corpo e alma, tenho muitos e bons familiares e amigos em Lisboa. Tenho lá quase todas as grandes amigas que comigo viveram cinco anos de internato no Instituto de Odivelas.


O poder centralista do Governo deste país raia o foro patológico. O mesmo Governo que propagandeia a regionalização. Não haverá aqui alguma incongruência?


Mas Senhores governantes, há coisas que o poder e o dinheiro não compram. Por muito que isso vos doa. O vinho do Porto será sempre do Porto, os lenços dos namorados serão sempre do Minho, os doces de ovos de Amarante serão sempre de Amarante, os galos de Barcelos serão sempre de Barcelos, os bordados de Tibaldinho serão sempre de Tibaldinho, o Castelo de Guimarães será sempre de Guimarães, o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima será sempre de Ponte de Lima, as barricas de ovos moles serão sempre de Aveiro, os covilhetes de Vila Real serão sempre de Vila Real, as clarinhas de Fão serão sempre de Fão, os espigueiros do Soajo serão sempre do Soajo,…
E poderia ficar aqui dias a enumerar tantas e tantas coisas que nunca irão para a capital. Que nos levem o Red Bull Air Race. Continuaremos a ser imensamente ricos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Mais amigo do Godinho que do Sócrates

Não se pode admitir que um cidadão, para saber onde é uma determinada instituição, se veja obrigado a ir perturbar o Sr. Vara quando se encontra muito competentemente a trabalhar no seu gabinete. O Sr. Vara até foi bem querido em atender o Sr. Godinho e em lhe dar ensinado o caminho. Eu teria dito ao porteiro para lhe explicar. “Tadinho” do Sr. Vara! Ser perturbado por uma porcaria destas! Nem um polícia para tirar a dúvida ao Sr. Godinho?!!
Se o Sr. Godinho chegar a ser preso, para se dar por concluído o processo das faces ocultas (bem pouco ocultas, por sinal) sem beliscar nenhum poderoso, podíamos quotizar-nos e comprar-lhe um GPS para quando saísse.

Mas, se louvei a atitude do Sr. Vara por ter recebido e ensinado o caminho para a EDP (Julgo eu) ao Sr. Godinho, que ele mal conhecia, já não acho bem que tenha omitido do seu grande amigo Sr. Sócrates a carta que o avisava que o primeiro-ministro estava a ser escutado. Se fosse muito amigo, tê-lo-ia avisado mesmo dizendo-lhe que era uma brincadeira sem interesse nenhum.

Termino perguntando. Será que esta gente quando diz estas patranhas pensa que nós acreditamos? Será que pensam que nos comem por lorpas? Será que não vêm o ridículo em que caem?

Que o Menino Jesus nos acuda!

sábado, 5 de dezembro de 2009

As escutas

Podem-me escutar à vontade. Ouvirão apenas o que qualquer cidadão realista dirá no que se refere à desgraça deste país. Ouvir-me-ão dizer mal de muitos políticos. Ouvir-me-ão dizer que a justiça está subjugada à política. Ouvir-me-ão dizer muitas outras coisas que me magoam porque sou portuguesa e tenho vergonha de tanta e tanta coisa que se passa no meu país. Não ouvem certamente calão porque, pura e simplesmente, não o uso. Não me ouvem achincalhar ninguém porque não fui educada a fazê-lo.
Mas já estou cheia das escutas do Sr. Vara, do Sr. Sócrates & Companhia. Já todos sabemos que, se este caso, por milagre, chegar ao fim, o Sr. Godinho vai pagar por todos. Pressinto muita podridão nisto tudo. Pressinto que nenhum juiz será capaz de punir um poderoso deste país. Pressinto que os advogados mediáticos utilizarão todo e qualquer método para “safar” um poderoso.
Acabemos com os desperdícios dos dinheiros públicos em processos que me parecem de faz de conta. Faz de conta que se continua a investigar quando, na prática, o processo está acabado.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Educação

A quem me dizia que dava a Isabel Alçada o benefício da dúvida, aqui fica a resposta.
Este Governo continua a dizer que esta avaliação tem em vista a competência. Onde? Por favor mostrem-me onde. É que eu não consigo ver em nenhuma fase da avaliação a competência. Os professores andam preocupados com "os lindos" e a burocracia e a deixar para último a preparação das aulas. É que isso não conta para a avaliação. E agora, em que o Director (ainda que não seja titular) é que escolhe os avaliadores, a avaliação corre o risco de ser política. Nalgumas escolas sei que o será.A quem me dizia "vamos ver o que pensa Isabel Alçada", aqui temos o que eu disse. Isabel Alçada, como todos os outros Ministros, não estão lá para pensar. Estão para fazer e dizer o que o chefe manda.
Não há Salazar mas há salazaritos...
Continuamos a ter os políticos que merecemos. E o país que merecemos. É a outra face da democracia.

Faces ocultas

Desde que vivemos em democracia já houve dezenas de casos de “faces ocultas” que foram assunto de dias semanas ou meses na comunicação social, e isto é uma milionésima parte do que passa nos bastidores da política.
Há corrupção em abundância e, para isso, tem que haver os que corrompidos e os que corrompem que são igualmente trafulhas.


Mas a justiça portuguesa é de uma previsibilidade que incomoda. Todos sabemos, logo no início como acabam os processos que dá jeito não prescreverem.
Todos sabemos que havendo um Bibi na questão, esse paga por todos. Se só há gente graúda, há sempre os advogados da moda para conduzirem tudo no sentido da prescrição ou da “não prova”. É que eles também ganham o seu quinhão…
Neste país, desde que se tenha poder, o crime compensa.
Quanto à comunicação social só fala enquanto vende. A partir daí deixa cair no esquecimento.

Para os ex pilha galinhas, como lhes chamou o Medina Carreira, estes juízes, estes advogados e esta comunicação social é uma bênção.
Só não percebo por que é que se gasta tanto tempo e dinheiro em anos de investigações quando já todos sabemos como tudo termina.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Felizmente está a acabar

No domingo acaba de se gastar uma fortuna dos dinheiros públicos para nada mudar. Não se mudam mentalidades nas urnas de voto. Nem as do povo nem as dos políticos.
Mas eu lá estarei. A colocar uma cruz algures. Em branco não fica já que pode haver a tentação de alguém colocar lá uma.
Mais uma vez não vou votar em ninguém mas contra aquele que me parece que já enriqueceu o suficiente à nossa custa.

Nestas eleições vamos distribuir milhões de tachos a milhões de políticos, a maior parte deles de qualidade duvidosa, que se esgadanham por um lugarzito. Para os partidos terem oportunidade de colocar muitos amigos a enriquecer à nossa custa, o país está perfeitamente esquartejado.

O Concelho do nosso Primeiro é exemplo disso como aqui mostrei em Julho do ano passado.
Uma freguesia com 94 (noventa e quatro) habitantes. Se calhar, com jeitinho, têm todos lugar na Junta de Freguesia.
Uma freguesia rural de 2 Km2. Isto corresponde a um quadrado com 1,4 Km. Para se fazer uma caminhada de uma hora tem que se dar a volta à freguesia toda duas vezes.

Isto é tão escandaloso que não me ocorre dizer nada. Limito-me a pedir aos portugueses que lerem isto, o favor de meditarem um pouco sobre como se desbaratam (também) os nossos dinheiros.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Em jeito de rescaldo

Todos ganharam menos eu. Eu e os meus concidadãos.
Os portugueses têm, definitivamente, os políticos que merecem.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Vou votar contra

No próximo domingo vou votar. Tarefa difícil. A escolha entre o mau e o péssimo é sempre muito complicada.

O meu voto não é favor de ninguém. O meu voto é contra Sócrates.

Em Setembro do ano passado vi-me forçada a abandonar a profissão que escolhi em nova e da qual gostei imenso. Não teria passado o que passei se assim não fosse. A minha reforma veio no final de Novembro e a 9 de Dezembro de 2008 escrevi esta carta aberta à Ministra da Educação. Este o principal motivo porque voto contra Sócrates. Não perdoo que a Ministra me tenha impedido de não fazer greve, requisitando-me civilmente como não perdoo que me tenham roubado o prazer que eu tinha em exercer a profissão que escolhi.
O estado a que este Governo deixou chegar a Educação é a principal razão por que voto contra Sócrates. Mas há mais. Muitas mais.

Não perdoo que, por motivos políticos, o senhor que está à frente da CCDR Centro tenha colocado na prateleira, até pensar noutro destino a dar-lhe, um cunhado meu, Engenheiro Civil e Técnico Superior, que fez o estudo de impacte ambiental de um troço do TGV e lhe deu parecer negativo. Ousou dar um parecer que ia contra a vontade expressa do Governo. Claro que o mesmo chefe arranjou, posteriormente, um parecer favorável, assinado ou não por um Técnico Superior. Ao meu cunhado só restou pedir e reforma antecipada com penalização. A minha irmã, também do mesmo serviço, ficou em fila de espera para ter o mesmo destino. Também só lhe restou pedir a reforma antecipada com penalização. Isto lembra muito o que se passava com Salazar. Também ele não aceitava que alguém ousasse pensar diferente.

De gente desta quero distância. Quero o PS longe. Os outros não serão muito melhores mas piores não podem ser.

Que raio de país é este onde após 35 anos do 25 de Abril ainda não houve um partido que ganhasse umas eleições por mérito próprio. Todos os que vencem conseguem-no por demérito dos outros.

E o pior é que, em democracia, tem que se viver dos partidos políticos.

Vou votar e fazer de conta que acredito que algo vai mudar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Prioridades

“A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, confessou hoje que a decisão de prolongar a escolaridade obrigatória até ao 12º ano foi "a mais importante" que o Governo tomou na área da educação.” – jornal Público

Esta ideia do alargamento da escolaridade até ao 12º ano foi “dada à luz” por Durão Barroso. Mas apareceu-lhe um lugar com vencimento apetecível e ele, deixou a ideia e o resto e foi-se embora. Se calhar a pensar no nosso bem… ihihih

Quando se alargou a escolaridade obrigatória para o 9º ano, a única coisa que se fez foi passar a quarta classe para os 15 anos. Até essa idade não se chumba sem o Encarregado de Educação se pronunciar e, se se optar pelas Novas Oportunidades é mesmo proibido reter alunos. Nas escolas em que o Director foi “eleito” com ajuda do representante da Câmara socialista, as coisas tornam-se ainda mais fáceis. As estatísticas vão sempre ao encontro da vontade da Ministra nem que para isso se altere a escala das avaliações.

Agora a Ministra encontrou a maneira de alterar as estatísticas dos resultados do ensino secundário. Como a escolaridade obrigatória até ao 12º ano, só os professores do ensino superior poderão pôr cobro a isto. É que os analfabetos saem com o 12º ano. Se o PS ganhar as eleições, o sucesso escolar passará para os 100%. E Sócrates vai encher a boca com essa estatística que nos coloca na pool position da Europa.

E os portugueses, que numa grande maioria são burros, ficam felizes e não pensam que os seus filhos têm o futuro comprometido. Já há empresas, que eu conheço, que não colocam nenhum jovem com um curso profissional tirado em nenhuma escola pública. Mas, para esses portugueses, as estatísticas são mais importantes que os filhos.

Prioridades…

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Uma bolacha aos professores

Logo no início da legislatura, José Sócrates disse que a classe docente era uma classe privilegiada e que tinha que perder esses privilégios. Será privilégio passar o dia a lidar com a má educação dos filhos dos outros? Será privilégio andar há décadas a saltar de reforma em reforma sabendo que nenhuma delas será, sequer, avaliada? Será privilégio ter uma ou duas faltas quando o atraso ultrapassa 5 minutos? Será privilégio ter que arranjar um atestado médico falso no caso, por exemplo, de encontrar um acidente rodoviário quando, atempadamente se sai para fazer uma vigilância? Será privilégio comprar um impresso cada vez que se retoma o serviço após as férias ou uma gripe? Será que é privilégio chegar ao topo de carreira com um ordenado inferior a um médico nas mesmas condições ou, muitíssimo menor que um profissional equivalente numa empresa? Será privilégio ser obrigado a passar todos os alunos dos CEFs e dos CPs? Será privilégio ter muros quase intransponíveis para reprovar um aluno do 1º, 2º ou 3º ciclo e, ainda, pedir ao Encarregado de Educação licença? Será que é privilégio ter reuniões que duram até às 22 horas, sem qualquer compensação?

Pena que José Sócrates não fale dos privilégios dos políticos, particularmente os dele.

Mas as pessoas escolhidas por José Sócrates também insultaram.

“admito que perdi os professores, mas ganhei a opinião pública” – Maria de Lourdes Rodrigues, Junho 2006.
“vocês (deputados) estão a dar ouvidos a esses professorzecos” – Valter Lemos, Janeiro 2008
“caso haja grande número de professores a abandonar o ensino, sempre se poderiam recrutar novos no Brasil” –
Jorge Pedreira, Novembro 2008
“quando se dá uma bolacha a um rato, ele a seguir quer o copo de leite” - Jorge Pedreira, Novembro 2008

Agora, que estão eleições à porta, Sócrates vem dizer que talvez tenha havido falta de delicadeza no tratamento com os professores e que é infantil pensar que o Governo trabalhou contra os professores.
Eu não esperava delicadeza de pessoas sem berço cuja vida se passou nos corredores imundos da política. Mas seriedade e justiça, essas tenho o direito de exigir enquanto cidadã que cumpre todos os seus deveres cívicos.
Infantil
é pensar que, depois da maneira como o Senhor Primeiro-ministro e a sua equipa tratou os professores nesta legislatura, algo vai mudar. A sua arrogância e falta de delicadeza tendem a piorar com a idade.

Depois de todos os nomes que nos chamaram e da maneira como nos trataram (o que me obrigou a fugir antecipadamente da profissão que escolhei, que adorei e que exerci 36 anos) só faltava o senhor chamar-nos atrasados mentais. Se quer sacudir as responsabilidades da sua acção governativa na educação para a Ministra e os Secretários de Estado da Educação, que o senhor escolheu e sempre defendeu com unhas e dentes, faço-o cara a cara com eles e não meta os professores nessas guerra. O que está a fazer é baixo. Muito baixo mesmo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

As voltas das estatísticas

O Primeiro-ministro e a Ministra da Educação encheram a boca com a redução do insucesso e do abandono escolar. Em termos de valores estatísticos eles são verdadeiros. Mas atenção! As estatísticas dão para o que cada um quiser fazer delas. Vitor Constâncio ganha cerca de 18.000,00 € e eu tenho de reforma perto de 2000,00 €. Em termos estatísticos ganhamos, em média, 10.000,00 €, o que não implica que eu não tenha que contar os tostões e ele não.

Este Governo resolveu acabar com os cursos tecnológicos e implementar os Cursos Profissionais e os Cursos de Educação e Formação para os jovens. Há, para além dos Cursos Gerais (7º ao 12º ano), as vias alternativas com cujos princípios eu estou de acordo.

No entanto, as Direcções Regionais de Educação, obrigaram (obrigaram mesmo) as escolas a abrir muitos cursos CEF e CP para atingir a meta do Governo de, em 2010, ter metade dos alunos do secundário a frequentar a via qualificante. De qualquer maneira. E isso foi conseguido. Abriram-se cursos de Qualidade e Controlo Alimentar em escolas em que não havia, nos laboratórios, fogão, frigorífico, etc. Abriu-se todo o tipo de curso sem sequer verificar se as escolas possuíam recursos materiais e humanos. Os professores dão o que se pode, como podem mas com uma condição emanada das DREs. Nesses cursos não pode haver reprovações. Logo aí, estamos a obrigar as estatísticas a chegar onde o Governo quer.

Para o ensino básico ainda não há essa obrigação. Ainda não passou de orientação. Mas já há escolas onde os Presidentes dos Conselhos Executivos, hoje Directores e da cor do Governo, aboliram a classificação, que por lei é de 1 a 5 para um “legislação interna” de 2 a 5. Assisti a Conselhos de Turma em que isso se passou.
Esses Directores caem em cima de professores que dão níveis negativos que são obrigatoriamente justificados. Mas se um professor der 5 a todos os alunos, ninguém lhe pede qualquer justificação.

Agora, em que as Câmaras se empenharam na eleição do Director para tudo fazerem para eleger pessoas da “cor”, as estatísticas poderiam melhorar ainda mais se este Governo não tivesse os dias contados. Estamos num novo PREC em que o medo impera e as passagens administrativas estão quase legalizadas.

Espero que o próximo Governo não continue por este caminho. É preciso ensinar aos jovens que as boas classificações se conseguem com trabalho.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Bem me parecia

Aqui há tempos mandaram-me um mail com uma página onde eu podia ver as músicas que se cantavam no ano em que eu nasci. Achei piada e fui lá. A primeira música que me saltou aos olhos chamava-se “Falta um zero no meu ordenado”. Eu sempre soube que ganhava pouco. Eu sempre achei que faltava um zero no meu ordenado. O que eu não sabia é que o meu problema era de nascença.

Há pouco, o fiscalista Diogo Leite Campos disse, na Sic Notícias, que um ordenado de 2000 € não era classe média. Era tão baixo que, em certos países, eu teria direito a um subsídio. E eu que sempre pensei pertencer à classe média!? Bem sei que a classe média é algo em extinção mas, o pertencer à classe média já era bom para o meu ego. Agora, tenho o ego na lama. E tirei eu um Curso Superior! E fiz estágio! E trabalhei 36 anos!

Diogo Leite Campos não disse em que países eu teria direito a um subsídio. Alguém me sabe dizer quais são?

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Medina Carreira

Fiquei contente por ver que a confiança que Sócrates pediu e eu não dou, Medina Carreira também não dá (ver aqui). É que eu de economia, só conheço bem a doméstica mas Medina Carreira conhece a outra.
Disse que a política é negócio para arranjar tachos para os familiares e amigos. Falou dos ex pilha-galinhas que hoje são milionários porque passaram pela política e falou também no problema das autarquias. Um tema de que eu falei há tempos e que hoje recordo.

O país está perfeitamente esquartejado em “quintas” que são Concelhos e que se dividem em pequenos “quintais” que são as Freguesias. As quintas e cada um desses quintais custam a todos nós uma quantidade de dinheiro perfeitamente evitável. Refiro-me especificamente à região Norte onde habito e trabalho.Deixo aqui, e apenas como exemplo, o caso concreto do Concelho de Vizela que tem, no total 24 km2, ou seja o equivalente a um quadrado de 4,9 km de lado. Habitam aqui 22.595 portugueses dos quais 16.460 são eleitores. Em todo esse concelho há duas escolas com 2º e 3º ciclos do ensino básico e uma escola com ensino secundário. Há, obviamente, um Presidente da Câmara, um Vice-presidente e não sei quantos vereadores.Esse pedacinho de Portugal está dividido em sete (7) freguesias.

Santa Eulália – 5,4 km2, equivalente a um quadrado com 2,3 km de lado. 3584 habitantes sendo 5200 eleitores.
S. Miguel – 5,2 km2, equivalente a um quadrado com 2,3 km de lado. 6280 habitantes sendo 5022 eleitores.
Santo Adrião – 3,5 km2, equivalente a um quadrado com 1,8 km de lado. 2460 habitantes sendo 1847 eleitores.
S. Paio – 2,3 km2, equivalente a um quadrado com 1,5 km de lado. 1394 habitantes sendo 1152 eleitores.
Tagilde – 2,7 km2, equivalente a um quadrado com 1,5 km de lado. 1777 habitantes sendo 1229 eleitores.
Infias – 1,9 km2, equivalente a um quadrado de 1,4 km de lado. 1765 habitantes sendo 1441 eleitores
S. João – 2,9 km2, equivalente a um quadrado com 1,7 km de lado. 3719 habitantes sendo 3432 eleitores.

Todos estes “quintais” custam-nos mensalmente, uma renda do edifício da Junta de Freguesia bem como água, luz, telefone, Internet, etc. para a sua manutenção, o ordenado do Presidente da Junta bem como os ordenados de todos os funcionários dessa mesma Junta. Acrescente-se o edifício da Câmara Minicipal e tudo quanto a faz "mover", o ordenado do Presidente da Câmara, do Vice-presidente, dos vereadores e todos os funcionários que lá trabalham. Considerando que isto se passa num Concelho da zona Norte e que todo o país está esquartejado desta maneira, no global estamos a falar de quantias astronómicas e de um número incontável de funcionários públicos.

Será que um país pequenino e pobre, como o nosso, precisa de ser transformado num puzzle com peças deste tamanho? Que interesses estão por trás desta situação?
Isto merecia ser investigado ao pormenor para que todos os portugueses pudessem saber o número de funcionários públicos que trabalham em cargos políticos, directa ou indirectamente. É que se fala muito do número excessivo de funcionários públicos e, certamente, em funções políticas, ou a ela ligadas, haverá muitos.
Era um serviço público que a comunicação social nos podia prestar.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O deputado

No início dos anos 80 dei aulas em Famalicão. A escola funcionava em dois edifícios. No antigo Hospital e na antiga Cadeia, ambos desocupados por não terem condições para funcionar como tal. Quando um edifício não servia para mais nada, servia sempre para uma escola.

Vem isto a propósito do deputado brasileiro, com um programa na televisão, que encomendava homicídios para aumentar a audiência do seu programa. Este homem pertenceu à polícia que o expulsou. Se não serve para a polícia, serve para a política.

A política, por cá, vai pelo mesmo caminho. Quem são singra noutra profissão, vai para a política. E também os fins justificam os meios. Ainda não chegámos à fase de encomendar assassinatos físicos porque profissionais já estão em vigor.

Podíamos vender este jardim à beira mar plantado a um povo de gente honesta e trabalhadora. Não haverá nenhum? Claro que o valor da compra servia para pagar a dívida pública, ou parte dela, dependendo do que oferecessem por este rectângulo.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Confiança em quem?

O, ainda, nosso primeiro utilizou o JN para fazer propaganda eleitoral.
“… se o PS apresenta um programa, a direita esconde o seu.” Não sei o que é pior. Se não dizer nada, se propagandear e não cumprir.
Quanta aldrabice! Quanta demagogia!
Se há PM que não pode falar do espírito do salazarismo é José Sócrates. Vivi vinte e tal anos antes do 25 de Abril de Abril. Sabíamos com o que contávamos. Com este Governo vivemos uma ditadura encapotada. Uma coisa é certa. Aos políticos do tempo da chamada ditadura eu agradeço o não terem utilizado o dinheiro dos meus impostos em proveito próprio. Tal não posso dizer aos políticos de hoje.

Que dizer de um Governo que colocou na prateleira dois técnicos de uma Comissão de Coordenação que “tiveram a ousadia” de dar um parecer desfavorável a um troço do TGV? Um deles, em final de carreira, pediu a reforma antecipada com penalização.
Que dizer de um Governo que, em tempo de crise, e tendo criado duas categorias de professores por razões economicistas, compra os Conselhos Executivos das Escolas duplicando as suas gratificações para que a sua mensagem pudesse chegar aos professores?
Que dizer de um Governo que reduz o abandono e o insucesso escolar obrigando a transitar de ano os alunos dos Cursos de Educação e Formação e dos Cursos Profissionais?
Que dizer de um Governo que fez de ignorantes sábios em Matemática pondo-lhes à frente provas de uma facilidade extrema?
Que dizer de um Governo que trabalhou quatro anos para as estatísticas a qualquer preço?

“Confiança, nunca desistir da confiança.” – diz o PM. Mas confiança em quem? Nos políticos que nestes 35 anos pouco mais fizeram que destruir a “pesada herança”? Nos políticos que por aí pululam e que se esgadanham por um tacho qualquer? Nos homens e mulheres sem valor e sem valores que são a grande maioria dos políticos do meu país? Nos políticos que cometem as maiores barbaridades e que nunca são responsabilizados? Nos políticos que se servem do país em vez de servirem o país? Nos deputados, quantos deles advogados, que nem legislar sabem? Nos políticos que enriquecem à custa dos dinheiros públicos?
Nesta Europa que serviu para arranjar milhares de tachos e onde se pagam ordenados escandalosos? Nesta Europa que faz de conta que é útil?

Não, Senhor Primeiro-ministro. Não confio nos políticos de nenhum partido. Como escreveu, há anos um Senhor de Espinho, eu “exerço sempre o meu dever cívico de votar e finjo acreditar que isso mudará algo”.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ainda está para nascer...

...um Primeiro-ministro que consiga causar tantos danos na Educação em tão pouco tempo como conseguiu José Sócrates.

Inconsoláveis

A minha mãe e a minha tia estão inconsoláveis.
O solar brasonado dos meus bisavós, referido no livro “As mais belas vilas e aldeias de Portugal”, onde nasceu e viveu a minha avó materna é em Aguiar da Beira. Era a chamada “casa do fundo de Vila”. Foi nessa terra que a minha mãe e a minha tia nasceram e cresceram.

Aguiar da Beira é uma terra da Beira Alta que se pode orgulhar de possuir três monumentos nacionais num pequeno espaço: o Pelourinho manuelino, a Torre do Relógio e a tribuna do antigo senado municipal. Tirando o solar dos meus bisavós, nada na terra é hoje bonito.

Lá morava também um casal humilde e com enormes qualidades morais. Era o Sr. Albano caiador (assim o tratavam) que tinha uma lojinha de tudo e onde também era tanoeiro. O Sr. Albano e a mulher tinham um filho de nome Manuel Joaquim Dias Loureiro.

A minha mãe e a minha tia lamentam-se: “Coitadinhos do Sr. Albano e da mulher. Oxalá já tenham morrido que eles não aguentavam a vergonha de terem cá deixado um filho assim.” Dias Loureiro pouco deve ter herdado dos pais. Foi presidente da Assembleia Municipal de Aguiar da Beira entre 1997 e 2005, teve cargos no Governo e foi Conselheiro de Estado. Não me parece que esses cargos tenham feito dele milionário. Mas o que é facto é que chegou a declarar rendimentos superiores a Belmiro de Azevedo. Quis comprar (e insistiu) o solar dos meus bisavós que uma das primas direitas da minha mãe restaurou.

Aqui há uns bons anos, já Dias Loureiro era “cão grande” a minha mãe foi ao Hospital de Viseu porque tinha sido internada a caseira. Veio uma Senhora cumprimentá-la e disse-lhe: “Sra. Dra. Já não se lembra de mim. Eu fui criada sua mãe.” Esta Senhora simples era a mãe do arrogante Dias Loureiro.Por que enriquecem todos os políticos de hoje?

Eu já era casada e mãe de duas filhas e meia quando se deu o 25 de Abril. Vivi o chamado fascismo durante vinte e tal anos. Salazar nasceu numa pequena casa em Santa Comba Dão e morreu com a mesma casa. Os políticos serviam o país. Hoje servem-se do país. É isto a democracia? Para eles enriquecerem tem que haver os que empobrecem.
O que se passa nos bastidores da política, e nós só conhecemos um milionésimo, é perfeitamente escandaloso e inaceitável e, até hoje, nunca nenhum político foi preso. Por alguma razão eles se esgadanham todos para ir para o poder.

Se pudesse haver uma investigação séria e imparcial a todos os políticos, poucos ficariam em liberdade. Mas os advogados e os juízes também querem estar de bem com o poder.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os números de Sócrates (2)

A validação de competências, que dá diplomas sem jeito com muita pompa e a presença do Primeiro-ministro e da Ministra da Educação ou de um dos seus Secretários de Estado (entre os dois venha o diabo e escolha), é também uma das medidas com que o PM mais enche a boca. É mais um embuste e eu remeto para um artigo que publiquei aqui há tempos. Já tomei conhecimento de mais uns quantos do mesmo teor.
Esta equipa governativa não mente quando diz que entregou milhares de diplomas de qualificação a milhares de portugueses. Efectivamente entregou os diplomas mas a portugueses sem qualquer qualificação.

http://destramar.blogspot.com/2008/07/novas-oportunidades.html

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Os números de Sócrates

Quando Sócrates faz os elogios às suas políticas desta legislatura, vem sempre com a diminuição brutal do abandono e insucesso escolar, com os milhares de pessoas que adquiriram qualificações através das Novas Oportunidades, do RVCC e com a diminuição das faltas dos alunos.
Os números que Sócrates e a sua Ministra divulgam são verdade mas vamos ver em que se baseia essa verdade. Hoje debruço-me sobre os Cursos Profissionais e os Cursos de Educação e Formação.
Em 1989 foram criadas as Escolas Profissionais vocacionadas para a formação de técnicos intermédios de nível III. Surge uma alternativa de formação de nível secundário. As Escolas Profissionais merecem toda a minha consideração por terem tido a capacidade de ultrapassar todos os obstáculos que foram surgindo, acabando por conseguir que, dentro do Ensino Secundário, o Ensino Profissional conseguisse os melhores resultados escolares. O facto de as Escolas profissionais serem, na sua maioria, pequenas, terem uma organização pedagógica baseada numa autonomia flexível e inovadora e uma grande ligação às empresas, à comunidade e às instituições, permite um acompanhamento mais personalizado e um maior sucesso escolar. Claro que há Escolas Profissionais a funcionar mal mas, a grande maioria funciona muito bem. O saber acumulado pelas Escolas Profissionais, exemplo de boas práticas, deveria ter sido passado para as escolas públicas para, com tempo, estas se prepararem para oferecer também cursos profissionais. As Escolas Profissionais por si só, não têm possibilidade de formar os técnicos de que o país precisa. O princípio em que baseia o Programa das novas Oportunidades nada tem a ver com o ensino clássico. Os professores das escolas públicas tinham necessidade de formação e as escolas de instalações e equipamentos. Não foi esse o entendimento do Governo. As estatísticas sempre falaram mais alto. No ano lectivo 2004/2005 implementou-se o ensino profissional em algumas escolas públicas. No ano seguinte, pelo menos na DREN, as escolas foram obrigadas a abrir Cursos Profissionais e Cursos de Educação e Formação mesmo que desconhecessem em absoluto o espírito, as exigências e o perfil de saída dos alunos destes cursos. Depois foi alargado, exponencialmente e de uma maneira atabalhoada a oferta voluntária “à força” de cursos profissionais nas escolas públicas sem que as mesmas tivessem tido a preparação necessária no que se refere a recursos humanos e materiais. Mas este Governo vive de metas que cumpre a qualquer preço.
“O Governo propunha-se atingir a meta de, em 2010, ter metade dos alunos do secundário a frequentar a via qualificante e, actualmente, à entrada no 10º ano, já alcançámos o objectivo", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, em declarações à agência Lusa, a propósito das comemorações públicas, que se iniciaram em Janeiro. (Imprensa, 4 de Janeiro de 2004).
E assim temos milhares de Cursos Profissionais e Cursos de Educação e Formação em escolas públicas de qualidade mais do que duvidosa. Incentiva-se e autoriza-se a abertura de qualquer curso em qualquer escola sem que as DRES verifiquem se as escolas possuem as condições para a sua leccionação. Temos, por exemplo, um Curso Profissional de Controlo e Qualidade Alimentar numa escola que não tem uma cozinha, um frigorífico, um fogão e uma série de equipamentos necessários ao tratamento de alimentos. Exemplos como este são aos milhares. Ou seja, as escolas desenrascam fingindo que leccionam um curso eminentemente prático. Em muitas escolas temos mais do mesmo com outro nome.
Tenho um amigo que tem um restaurante/bar e já me disse que quando lhe aparece um candidato a cozinheiro, empregado de mesa/bar ou técnico de cozinha/pastelaria com um curso profissional tirado numa escola pública, nem perde tempo. A resposta é logo não. A experiência mostrou-lhe a diferença entre a formação dos alunos qualificados pelas escolas públicas e pelas escolas privadas.
Realmente os números que o Governo propagandeia são correctos. Temos milhares de analfabetos qualificados a quem a Ministra ou o Primeiro-ministro entregam diplomas frente às câmaras da televisão e muitos dos que vêm não sabem como estes jovens ali chegaram e como vão pagar caro aquele diploma.

sábado, 27 de junho de 2009

Farrah Fawcet

Farrah Fawcet e Michael Jackson morreram no mesmo dia.
Farrah Fawcet morreu com um cancro, o que pode acontecer a qualquer um de nós. Teve uma vida difícil com o companheiro e com o filho. Lutou muito pela vida. E sofreu até ao fim. A comunicação social limitou-se a anunciar a morte e não houve qualquer manifestação de pesar em lado algum. Fica aqui a minha homenagem pelo que ela representou, numa fase da minha vida, com Os Anjos de Charlie.
Michael Jackson, que, lamentavelmente, nunca aceitou o facto de ser preto, tornou-se um produto químico em forma de gente. Tudo nele era “postiço” e um desfecho destes era de esperar. Não se passa impunemente de preto para branco. Mas a ele, todo o mundo rendeu homenagem e os canais televisivos não se cansam de no-las mostrar todas.
Até no dia da morte Farrah Fawcet teve azar.

Lembrei-me de quando morreu Madre Teresa de Calcutá. Foi na altura em que morreu a Princesa Diana. O realce que se deu à morte da Madre Teresa ficou a anos-luz do que aquela GRANDE MULHER merecia. Em compensação durante dias inteiros os canais televisivos encheram-nos de directos, diferidos, repetidos e afins sobre Diana.
Madre Teresa de Calcutá também teve azar no dia em que morreu.
Até para o dia da morte é preciso ter sorte.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Para que servem os professores titulares?

“O secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, assumiu esta tarde, em conferência de imprensa, que não vai ser possível chegar a acordo com os sindicatos dos professores sobre a revisão do Estatuto da Carreira Docente,O secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, assumiu esta tarde, em conferência de imprensa, que não vai ser possível chegar a acordo com os sindicatos dos professores sobre a revisão do Estatuto da Carreira Docente,Ontem, o Ministério formalizou a sua proposta de revisão estrutura da carreira docente, mas não abdicou da divisão em duas categorias. Pedreira reconheceu que esta posição torna inviável um acordo. "Para os sindicatos tudo o que não seja a abolição das duas categorias não é valorizado", disse.” (Público)

Se não há um único cargo na estrutura de uma escola para o qual seja obrigatório o candidato ser professor titular e se o próprio Director, que exerce funções de avaliação de docentes, não tem de ser titular, para que servem os professores titulares?
Mais grave ainda. Agora, a renascida figura do Reitor, mascarada de Director, é quem escolhe todos os professores para todas as Coordenações. A escola está toda na mão de uma pessoa que pode ser compreensiva ou ditadora, ou até não dar uma aula há décadas. O socialismo matou a escola democrática. É precisa dar o mesmo fim ao PS.

domingo, 7 de junho de 2009

Sócrates está a colher o que semeou

Estou contente. A maioria absoluta do PS começou a morer hoje.
Finalmente os professores vão ver-se livres de Maria de Lurdes Rodrigues. VIVA!

Os eurodeputados

Já fui votar. Escolher entre o mau e o péssimo é uma decisão extremamente difícil. Mas, por princípio vou sempre votar.
A bem da verdade, entendo muito bem os que decidem não se deslocar às urnas. Para a grande maioria dos cidadãos, é um escândalo que, numa altura em que nos dizem que estamos em crise, em que nos dizem que não há dinheiro, os deputados europeus vão ganhar o dobro do que ganhavam. A módica quantia de 7665,00 € brutos, sem esquecer todos os outros subsídios. Com a agravante de que a maioria dos eurodeputados portugueses (os outros não me interessam) não teve uma única intervenção durante a anterior legislatura. E ainda dizem que estão lá por Portugal e pelos portugueses. Tretas…
Vamos, portanto eleger 22 portugueses que vão enriquecer à nossa custa. Para quem trabalhou uma vida inteira e ganha uma reforma de miséria, isto dói.

sábado, 30 de maio de 2009

Morreu a escola democrática

Os professores estiveram mais uma vez em luta. Para governos como o que temos e que se julgam donos da verdade e tratam os outros todos como mentecaptos, isto não significa nada. Mas a vida de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, enquanto governantes, é curta e os professores continuarão nas escolas para sempre.

Disse, aqui há tempos, a Ministra que os professores devem confiar nos seus colegas mais competentes (refere-se aos professores titulares). A Ministra considera que os professores competentes são as titulares. No entanto, o Decreto-Lei nº 75/2008 e a Portaria nº 604/2008 diz que, podem ser opositores ao procedimento concursal para Director de uma Escola tem que obedecer a alguns um requisitos mas nenhum o obriga a ser professor titular. A competência, que a Ministra associa aos professores titulares, cai. Qualquer incompetente, para a Ministra, pode ser Director de uma escola.

Esse Director corresponde exactamente ao Reitor do tempo em que eu andei na Liceu. Acabaram-se eleições nas escolas. O Director é dono e senhor da escola. Tem poderes ilimitados. É o Director que designa todos os Coordenadores da Escola, todos os Coordenadores dos Departamentos curriculares e intervém no processo de avaliação de desempenho do pessoal docente. O Conselho Pedagógico é, assim, escolhido por ele.

Está instalada a ditadura do Director. Morreu a escola democrática. Oxalá ainda possa ser ressuscitada quando os que constituem este Governo estejam no Banco de Portugal ou na Administração de qualquer empresa.

terça-feira, 19 de maio de 2009

A justiça para os do poder e a justiça para os outros

Assisti, com indignação, à posição tomada pela professora de História de uma escola de Espinho. Atitude inaceitável de uma docente quer pelo conteúdo das palavras quer pelas ameaças que fez aos alunos. Claro que há bons e maus profissionais em todas as profissões. Esta faz parte dos maus profissionais. À professora foi aberto um processo de inquérito e imediatamente foi suspensa pela DREN. Tudo como deve ser. Vai ser tudo averiguado mas, apesar da presunção de inocência, a professora foi suspensa. Preservam-se, assim, os alunos.

O Dr. Lopes da Mota exerceu pressão sobre magistrados do Caso Freeport utilizando o nome do Ministro da Justiça e do Primeiro-ministro e, como a professora, também exerceu ameaças. Não se sabe, nem nunca se saberá se o fez com ou sem conhecimento, ou ordem, dos mesmos. A Lopes da Mota foi, igualmente, aberto um processo de inquérito. Só que, neste caso, a presunção de inocência, leva a que os responsáveis o mantenham no seu posto que, por acaso tem a ver com o processo Freeport. Neste caso, preservar a isenção da Justiça está fora de questão.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Menos uma dúvida

Este ano vou ter que ir votar três vezes. Ter que escolher, por três vezes, entre o mau e o péssimo, é dose. Já tenho dado comigo a pensar onde hei-de colocar as cruzinhas. É que votar eu vou. Só que não sei em quem.

Hoje, os partidos com assento parlamentar vieram dar-me uma ajudinha que eu agradeço. Retiraram-me uma dúvida. Com a votação que hoje teve lugar, nenhum deles terá o meu voto. Já eliminei o PS, o PSD, o CDS, o BE, o PCP e Os Verdes. Bem sei que além do "branco" ainda tenho muitos na lista. Mas, eliminar seis já ajuda.

E estiveram todos os partidos de acordo! Algo nunca visto. Terá sido milagre de S. Nuno Álvares Pereira?

Primeiro, em pré-campanha, os deputados vêm mostrar uma enorme preocupação com o combate à corrupção. Pura demagogia. Hoje votam um caldo óptimo para ela crescer e se reproduzir. E o Alberto Martins, ainda tem a cara de pau de vir dizer que o fizeram para resolver um problema ao PCP. Será que ele pensa que nós acreditamos? Desde quando o PS está preocupado com os adversários. Nem com o povo o elegeu e que ele (des)governa!

Odeio que me tratem como atrasada mental.

domingo, 26 de abril de 2009

Informações incorrectas na página da EDP

(clique na imagem para ler)
Soube que a EDP tinha criado um novo tarifário para a energia eléctrica. Consultei a página www.edp.pt. Lá está um PDF com a página que aqui mostro. Existe um novo tarifário tri-horário que pode ser diário ou semanal.
Analisei os meus consumos, analisei o documento da página da EDP, fiz as contas e achei que deveria alterar o meu tarifário actual para o tri-horário diário.
Como diz o documento, este tarifário aplica-se a todas as potências a partir de 3,45 kVA. Correcto? Então, se a potência contratada comigo é de 6,9 kVA, eu posso pedir alteração para este tarifário.

Telefonei a pedir essa alteração. Pasme-se. A informação que dão é que esse tarifário só se aplica a potências contratadas de 20,7 kVA. Argumentei com o que está no documento que a EDP fornece na sua página e que tem como título “Tarifários 2009”. Não adiantei nada. O cavalheiro que me atendeu disse que esse tarifário deverá ser alargado a outras potências mas, para já só se aplica à potência referida.
Considero lamentável esta postura da EDP. Para uma empresa credível, as informações fornecidas na sua página da internet têm que ser correctas.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Não titulares a avaliar titulares

Os Directores das escolas ou foram já escolhidos ou estão a sê-lo nesta altura. O Decreto-Lei 75/2008 de 22 de Abril e a Portaria 604/2008 de 9 de Julho são os documentos que regem e regulamentam o procedimento concursal para a eleição dos Directores das escolas.
A Ministra da Educação, possivelmente numa noite de insónia, decidiu dar à luz a avaliação dos professores. Mas para essa avaliação precisava definir quais os professores que teriam funções de avaliação perante os seus pares. Assim, noutra noite de insónia, lembrou-se do primeiro concurso para professor titular. A partir daí tinha o cozinhado feito. Elegeu os professores titulares como os “competentes”.
Então, se o Director de uma escola ou agrupamento de escolas vai ter funções de avaliação de professores, aquilo que a lógica diria é que os candidatos teriam que ser titulares. Mas não. A lógica da Ministra é só dela e ninguém a entende. Nem ela possivelmente. Pois é. A legislação referida não deixa a menor dúvida. Um professor não titular, “menos competente” para a Ministra, pode ser Director de uma escola e vai avaliar os professores desse estabelecimento de ensino. E, para não variar na educação, temos mais uma contradição. Vamos ter não titulares a avaliar titulares.
É pena que os portugueses não se apercebam destas contradições. Mas se nem os deputados as conhecem…

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A pensão do Padre Melícias

“O padre Vítor Melícias, ex-alto comissário para Timor-Leste e ex-presidente do Montepio Geral, declarou ao Tribunal Constitucional, como membro do Conselho Económico e Social (CES), um rendimento anual de pensões de 104 301 euros. (…) o sacerdote, (…) tem uma pensão mensal de 7450 euros. (…)
(…)
Com 71 anos, Vítor Melícias declarou, em 2007, ao Tribunal Constitucional um rendimento total de 111 491 euros, dos quais 104 301 euros de pensões e 7190 euros de trabalho dependente. 'Eu tenho uma pensão aceitável mas não sou rico', diz o sacerdote.
Melícias frisa que exerceu funções com 'remuneração acima da média, que corresponde a uma responsabilidade acima de director-geral', no Montepio Geral, na Misericórdia de Lisboa, no Serviço Nacional de Bombeiros e noutros organismos.”
Sérgio Lemos


O Padre Melícias é que franciscano e eu é que levo vida de franciscana? Se a pensão dele é "aceitável", vou já à sopa dos pobres.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A crise e a escola

Ainda não há muito tempo que o Senhor Albino Almeida veio pedir que as escolas estivessem abertas desde o romper do dia até à hora do jantar. Começo por questionar a moralidade dos pedidos da Confap enquanto esta receber dinheiro do Ministério da Educação.
Os pais trabalham ambos e alguns precisam de se ver livres dos filhos o máximo tempo possível. Estes não reivindicam tempo para os filhos. Estes querem é alguém em quem delegar a responsabilidade de lhes educar e vigiar os filhos durante todo o dia. Faço minhas as palavras de Daniel Sampaio “A nível da família, constato muitas vezes uma diminuição do prazer dos adultos no convívio com as crianças: vejo pais exaustos, desejosos de que os filhos se deitem depressa, ou pelo menos com esperança de que as diversas amas electrónicas os mantenham em sossego durante muito tempo. Também aqui se impõe uma reflexão sobre o significado actual da vida em família: para mim, ensinado pela Psicologia e Psiquiatria de que é fundamental a vinculação de uma criança a um adulto seguro e disponível, não faz sentido aceitar que esse desígnio possa alguma vez ser bem substituído por uma instituição como a escola, por melhor que ela seja. Gostaria, pois, que os pais se unissem para reivindicar mais tempo junto dos filhos depois do seu nascimento, que fizessem pressão nas autarquias para a organização de uma rede eficiente de transportes escolares, ou que sensibilizassem o mundo empresarial para horários com a necessária rentabilidade, mas mais compatíveis com a educação dos filhos e com a vida em família.”


Há pais que não ensinam os filhos é ter uma postura correcta adequada às circunstâncias? Remete-se para a escola. Há pais que não ensinam os filhos a respeitá-los e a respeitar os outros? Remete-se para a escola. Há pais que não dão aos filhos educação sexual? Remete-se para a escola. Há pais que não ensinam noções de higiene aos filhos? Remete-se para a escola. Há pais que não ensinam os filhos a mínima noção de civismo? Remete-se para a escola. Tudo contribui para a desresponsabilização dos pais.
Pobres filhos cujos pais consideram que o seu papel termina no dia do parto!

Hoje veio a lume o caso de crianças que apresentam uma alimentação deficiente. Que fazer? Nada mais simples. Remete-se para a escola. A DGS contactou o Ministério da Educação para que as cantinas das escolas estejam abertas mais tempo, incluindo nas férias, a servir refeições equilibradas.
A crise já chegou ao estômago de muitos portugueses. A maioria teve que fazer cortes. Eu fiz os meus. Possivelmente há portugueses que não hierarquizaram os seus problemas e cortaram na alimentação mas não no telemóvel, no pequeno-almoço no café ou na marca das roupas. Mas muitos cortaram na alimentação quando já não podiam cortar em mais nada.
Isto no dia em que se soube que os 4 administradores da Galp ganharam, no ano passado, 4 milhões de euros e tantos, tantos ordenados escandalosos, que não fixei, quando no país se passa fome. É isto a democracia? É isto o socialismo? E é a escola que vai resolver este problema?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Por trás daquela janela...

... estão os deputados, o nosso primeiro e alguns governantes a fazer que fazem. Já tirei o som à televisão porque o tom sobranceiramente ditatorial do PM põe-me os nervos em franja.

Num país que pouco maior é que um quintal, justifica-se que haja 230 deputados? Um terço chegava e sobrava. Bastava que os deputados levassem o seu trabalho full time a sério.

"Não se paga aos deputados o suficiente para que sejam todos apenas profissionais. Quanto às justificações para as faltas, é verdade que a sexta-feira é, em si própria uma justificação, porque é véspera de fim-de-semana. Eu compreendo isso. Talvez esteja errado que as votações sejam à sexta-feira. Não julguemos também que ser deputado é uma escravatura, porque não é, nem pode ser. É preciso é arranjar horas para a votação que não sejam as horas em que normalmente seja mais difícil e mais penoso estar na Assembleia da República". - julgo que são palavras de Almeida Santos.

O que paga aos deputados é isto.
Fiquei a saber que sexta-feira não é um dia normal de trabalho mas "é véspera de fim de semana". Se, para os deputados, é penoso trabalhar à sexta-feira, para os outros trabalhadores também o é. Mas trabalham que não têm outro remédio.
É esta a noção de democracia que têm os políticos.

Razão tinha o meu Pai que dizia que só acreditava em democracia quando lhe provassem que, num cesto com 10 laranjas, dez podres e uma boa, as dez podres valem mais que boa.

terça-feira, 7 de abril de 2009

A palavra de deputado faz fé

E a dos seus concidadãos?

sábado, 4 de abril de 2009

Adivinha

Pinto da Costa foi absolvido no "caso do envelope". Mas alguém esperava o contrário?
O que eu faria com o dinheiro que se gastou!...
Será que Isaltino Morais também vai ser absolvido? Quem adivinha?
Eu sei mas não digo...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Pergunto eu

Se todos sabemos como vai acabar a investigação ao caso Freeport, valerá a pena ocupar tantos profissionais e gastar tanto dinheiro nosso?

Pergunto eu

Quando Isaltino Morais, à saída do Tribunal, diz que fugiu ao fisco como todos os políticos, haverá algo a fazer para credibilizar a classe política?

quarta-feira, 18 de março de 2009

Questiono-me

Não falo da crise. Os órgãos de comunicação social bombardeiam-nos com ela a toda a hora. Mas há um assunto que suscita a minha interrogação. O desemprego. Duvido que haja os desempregados que se propalam. Há, sim, milhares a receber o subsídio de desemprego. O que não é a mesma coisa.
Há dias, uns amigos meus quiseram contratar uma empregada doméstica. Ouviram as candidatas e escolheram uma. Quando lhe puseram as condições – ordenado, descontos para a Caixa, horário, … - a dita senhora disse que não queria Caixa porque estava a receber o subsídio desemprego. Eliminaram esta e contrataram outra.
Em quantas casas haverá empregadas que acumulam o seu ordenado com o subsídio de desemprego?

E situações destas são aos milhares.
Há uns meses chamei um canalizador. Depois do serviço realizado apresentou-me a conta. Pedi-lhe a factura. Olhou para mim como se eu fosse um ser raro e disse logo que, então, tinha que acrescentar o IVA. Claro, disse eu. Alegou que não tinha facturas mas que a mesma viria por correio. Como se passaram 15 dias e a factura sem chegar, telefonei a informar que, se não recebesse a factura dentro de uma semana, fazia uma participação. Como não veio, escrevi ao Director Geral de Contribuições e Impostos. Passado dias tinha a factura em causa e um telefonema a saber se o problema tinha sido resolvido.

Quantos portugueses exigem factura de cada vez que fazem um pagamento?

Se todos pedíssemos factura, haveria menos gente a receber subsídios. E esses subsídios são pagos por todos os que declaram os rendimentos do seu trabalho e pagam os seus impostos. Andam os honestos a ajudar os desonestos. Será ou não assim?

sábado, 7 de março de 2009

Magalhanês

Sócrates dirijiu-se a todos noz, com um surrizo de urelha a urelha, para anunssiar a entrega de milhoins de compotadores Magalhães aos noços piquenos. Eles nem cábem em ci de contestes. Básicamente tem um instromento didatico grátiz, ou quasi. Aos pais, vutantes, tambaim câem os queichos de felessidade.
Uma crianssa, pega no prugrama de teisto. Lá está “Acabas-te? Podes fechar-lo e guardar-lo”. Isto é mesmo májico! Depois pega num jogo e lá está “Copía …”. Marabilha! E istu é um instromento didatico pra ajudare as crianssas na escola.
Botem didatico niço!!!
Dis que queim fês a tradossão foi um imigrante que çó teim a cuarta clace. Mas o noço primeiro num tínha ditu que o Magalhães era um compotador sem pur sento portuguêz? Intão o que é que tradoziram?

Tratar assim a nossa linga materna é crime mas desvalorizar completamente o problema, como fez Jorge Pedreira, não o é menos. Que figura triste este Governo fês (parafraseando o Magalhães)!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Calimero

José Sócrates disse hoje que o PS é um partido sem «excluídos, perseguidos ou silenciados». Já me palpitava... Os excluídos, os perseguidos e os silenciados são os cidadãos que não dizem ámen com o PS.
Também fiquei a saber que a comunicação social, e não alguma comunicação social, também está envolvida na campanha negra. Esta calimerice já ultrapassa o aceitável. Talvez Daniel Sampaio conseguisse resolver esta mania da perseguição…
Só lamento que neste país a Justiça não funcione.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Os pequenos déspotas

Sinto-me cada vez mais sem chão nesta sociedade onde o desmoronar de valores chegou ao limite. A instrução que deveria ser dada na escola não faz sentido sem antes ter havido a educação que pertence aos pais e à sociedade.
Os jovens nascem e crescem numa sociedade onde grassa a mediocridade. Onde o sucesso não está associado ao trabalho; os fura-vidas é que vencem. Onde todos se sentem cheios de direitos mas muito poucos olham para os seus deveres. Onde a exigência é uma palavra vã. Onde não compensa ser cumpridor. Onde o crime compensa desde o atestado médico falso ou da fuga aos impostos à irresponsabilidade dos políticos. Onde a corrupção anda à solta. Os exemplos que as crianças e os jovens vêem à sua volta são lamentáveis e não são minimamente educativos.
Depois do 25 de Abril, assumiu-se que tudo traumatizava as crianças e os jovens. Em casa e na escola. Passaram a ser tratados como uns seres esquisitos susceptíveis a traumas pela mais pequena coisa. Nada lhes pode ser exigido mas eles podem exigir tudo. A palavra não deixou de fazer parte do vocabulário dos pais. Aqueles que ainda ousam pronunciar essa palavra, rapidamente a transformam num nim e depois num sim ou num silêncio permissivo. Quem manda em casa são os filhos. Os pequenos déspotas. Não se lhes ensina que há tempos de trabalho e tempos de lazer. Tudo para eles tem que ser a brincar. As novas pedagogias assim o determinam.
As crianças crescem a não dar valor a nada. Tudo o que têm é-lhes dado. Aparece. Sem mais. Nada é conquistado e por isso nada é valorizado. Quando chegam à escola querem uma aprovação ou uma determinada avaliação sem terem feito o esforço necessário para a conquistar. Em casa têm a televisão, o computador, as playstations a que recorrem quando lhes apetece sem qualquer limitação ou regra. Não são habituados, desde pequeninos a ter hábitos de disciplina e de trabalho. Sem uma educação exigente não se formam cidadãos competentes.
Quando eu era miúda, havia uma prenda no Natal. Uma. À qual eu dava um valor incomensurável. Durante meses o meu brinquedo era explorado até à exaustão. Hoje as crianças têm tantos brinquedos que se limitam a rasgar o papel de embrulho e pôr para o lado para rasgar o papel da próxima que voltam a pôr para o lado. Podem-me dizer que os tempos são outros. É verdade. Mas não precisar de se fazer nada para ter tudo, tira o valor das coisas e não é educativo.
Comprava-se uma pasta de couro que durava toda a primária. Hoje têm – exigem – uma mochila, no mínimo, por cada ano escolar. E todo o material escolar tem que ser de uma determinada marca, mais cara evidentemente. Os portugueses não têm a noção das prioridades. Desde o mais humilde cidadão ao mais conceituado membro do Governo. Vemos isso em muitos alunos subsidiados pelos Serviços da Acção Social Escolar que vão para a escola com o seu telemóvel. Vemos isso no que se gasta com coisas não prioritárias nos gabinetes ministeriais ou nas autarquias, ou em tantas obras públicas. Os pais deviam explicar às crianças, desde pequeninas, que se tem o que é necessário, e se pode ter, não o que se quer.
Para não ficarem comprometidas as gerações futuras era necessário agir já. Era preciso que cada um de nós fosse mais exigente consigo e com todos os que se vão cruzando na sua vida.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O casamento dos homossexuais

No frente a frente a que assisti há pouco, na SIC Notícias, Alberto Martins atacou a igreja católica a propósito dos casamentos homossexuais. Encheu a boca para frisar, mais do que uma vez, que à Igreja o que é da Igreja e ao Estado o que é do Estado.
Mas o Estado somos todos nós. Os católicos e os não católicos. Os socialistas e os não socialistas. …

O PS não é o Estado. O PS é um partido político livre de aconselhar os seus filiados e simpatizantes a serem a favor do casamento de homossexuais, apresentando os seus argumentos. Não pode obrigá-los a votar a favor porque o voto, em caso de referendo, é secreto. Aqui, a maioria absoluta não lhe dá o poder absoluto que o PS julga ter. Os socialistas votarão de acordo com a sua consciência.
Mas a Igreja Católica tem igualmente o direito de aconselhar os seus fiéis a votarem não e eles farão o que a sua consciência lhes ditar.


Os que não pensam pela sua cabeça (socialistas, católicos, …) votarão naquilo que lhe mandarem. É uma das desvantagens da democracia.
A democracia é um sistema político que me não agrada, que acho ultrapassado, mas é o menos mau que temos. E em democracia todas as associações legalmente instituídas têm o direito a manifestar a sua opinião sobre qualquer assunto e a convencer, argumentando, os seus seguidores a manifestarem essa mesma opinião.


Senhor Dr. Alberto Martins! A democracia não é só para quando dá jeito. É em todas as situações. E o senhor é um democrata. Ou não?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Palhaçada

Tive a triste ideia de ver hoje o debate no Parlamento. Sócrates igual a si mesmo. Mantém o meu sorrido sarcástico de quem tudo pode porque tem uma maioria absoluta. Aquele sorriso cínico que me deixa com pele de galinha. Continua a querer convencer-nos que a verdade é uma só e é a dele. Que o Governo que lidera teve sempre uma actuação 100% correcta. Que Portugal está agora a anos-luz (para melhor, claro) do que estava antes dele ter sido eleito. Que o dinheiro da CGD não é dos portugueses. Que temos uma justiça respeitável. Que o caso do BPN só podia ser resolvido como o Governo fez. Que a posição do Presidente do Banco de Portugal foi irrepreensível. Que os partidos da oposição o perseguem. Esta mania da perseguição já rasa o patológico...
Que triste país este em que tive a desdita de nascer.

É no que dá haver maiorias absolutas. O poder corrompe. Sempre e em qualquer instituição.

Suponho que chamar palhaço ao Primeiro-ministro não deve ser um insulto que mereça grande castigo. Afinal Alberto Martins chamou palhaço ao Presidente da República, em 1969, e ocupa o lugar que ocupa. Aliás, o meu Pai fazia parte das individualidades a quem esses insultos foram dirigidos.

Tantos séculos de humanidade e ainda não se arranjou nada melhor do que a democracia. Que diabo de homens constituem esta humanidade!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Haja bom senso, Senhora Ministra!

Há dias chegou-me, por mail, um projecto de Despacho do Ministério da Educação para a contratação de professores voluntários para as escolas. Pensei tratar-se de brincadeira e pedi mais esclarecimento a quem me enviou essa notícia. Hoje deparo-me com a notícia www.educare.pt.

“Professores reformados para trabalho voluntário nas escolas

O Ministério da Educação pretende recrutar professores reformados para, em regime de voluntariado, colaborarem no apoio aos alunos nas salas de estudo, em projectos escolares ou no funcionamento das bibliotecas.

Segundo um projecto de despacho do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, a que a Lusa teve acesso, as escolas definem no início de cada ano lectivo as suas necessidades, estabelecendo o perfil dos candidatos a recrutar e elaboram um programa de voluntariado.O programa tem a duração de um ano lectivo, sendo renovável por iguais períodos de tempo. O trabalho do professor voluntário implica um mínimo de três horas por semana. (…)”


Para ler tudo clique aqui.

Se esta atitude fosse tomada por um Ministro que tudo tivesse feito pela educação, que tivesse valorizado o trabalho que os professores fazem, e nas condições em que têm de o fazer, eu até poderia concordar.
Mas com esta equipa ministerial, é impensável. Esta atitude do Ministério, nesta altura, é absolutamente inqualificável. Trata os professores por professorzecos, chama-lhes madraços, implementa um concurso para professor titular que envergonha qualquer pessoa de bom senso, enche-lhes os dias com burocracias que nada interessam, atira-lhes para cima toneladas de legislação, impõe-lhes uma avaliação na qual a competência está ausente e tantos, tantos maus tratos. Quatro anos de inferno que levaram milhares de docentes a pedir a aposentação antecipada, a maior parte deles com penalização. E agora quer que eles vão, “de borla”, trabalhar para as escolas?


Só faltava realmente chamar-nos burros. Já não falta mesmo nada.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Escolaridade obrigatória até ao 12º ano

José Sócrates falou mais uma vez. Veio dizer ao país aquilo que qualquer cidadão, inocente ou culpado diria – que está inocente. Confio tanto em José Sócrates como em Isaltino Morais, ou Valentim Loureiro, ou quase todos os outros. Não confio na justiça que, se até hoje levou ao fim algum caso que envolvesse poderosos, os inocentou. Confio tanto nos juízes como nos advogados. Estão lá para ganhar o deles. Deus nos livre de precisar da justiça ou dos serviços públicos de saúde!
Por isso não me interessam as últimas palavras de José Sócrates. Que a corrupção existe, existe. Ninguém, com ordenado de ministro, presidente de Câmara ou qualquer cargo político (excepção feito aos cargos de confiança política como presidente da CGD, director do BP, etc.) enriquece a trabalhar e há milhares de políticos que enriqueceram. Adiante.

Mas, de uma das vezes que José Sócrates falou, levantou a bandeira da escolaridade obrigatória até ao 12º ano. Disso tenho conhecimentos para falar.
O alargamento da escolaridade obrigatória até ao 9º ano já foi há tempo suficiente para se poder fazer uma avaliação dessa medida. Para mim traduziu-se na passagem da quarta classe para o 9º ano.
Alice Vieira disse, no dia 19 de Janeiro de 2009, ao Público: “Eu comecei a ir às escolas há 30 anos, para apresentar o meu primeiro livro “Rosa, minha irmã Rosa” e ia falar com os alunos de 3.º e 4.º anos. Agora vou, exactamente com o mesmo livro falar a alunos dos 7.º e 8.º anos. Alguma coisa está mal. É assustador! Outra coisa assustadora é a utilização da Internet.” Estas palavras só vêem corroborar a minha opinião.
José Sócrates, em campanha eleitoral, enche a boca com o alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano. Até me arrepia esta ideia. Assim. Isolada. Vamos mudar a 4ª classe para os 18 anos? Depois é só fazer exames compatíveis com as estatísticas que o Governo quer. E como o povo não quer exigência estará tudo bem.
É tão fácil ser um “bom” Ministro da Educação para o povo e para as estatísticas! Dificil é sê-lo para os jovens deste país.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A postura da DECO

Aqui há tempos, o Governo considerou haver arredondamentos dos juros à habitação cobrados indevidamente. O meu banco comunicou-me que os contratos de crédito se encontravam dentro da Lei em vigor na data de assinatura dos mesmos. Pelo que não há arredondamentos a pagar
Para saber se o meu banco estava a agir conforme a lei, enviei um mail para a DECO que respondeu:
“Na sequência da sua comunicação, e através dos dados que transmitiu, não conseguimos verificar a sua condição de sócio. Nessa medida, agradecemos-lhe que nos dê conhecimento do seu número de sócio através de resposta a este mail e juntando o seu primeiro mail ou, em alternativa, usando a Linha Azul* 808 200 145, de 2ª a 6ª, entre as 9.00 e as 13.00 e entre as 14.00 e as 18.00 (6ªs feiras só até às 17.00).
Agradecendo desde já a sua colaboração, subscrevemo-nos, com os melhores cumprimentos,
O Serviço de Informação da Deco Proteste”
Como não sou sócia, optei pela alternativa de ligar para a linha azul. Estive minutos infindos a ouvir publicidade da DECO e, depois de muita espera veio uma gravação de uma menina pedindo para carregar na tecla 1 se soubesse o número de sócio ou aguardar se não soubesse esse número ou não fosse sócia. Esperei. Mais umas musicas e veio uma menina a quem fiz a pergunta. Respondeu-me que só davam resposta a sócios.
Fiquei sem resposta para a minha pergunta e danada por ter sido ludibriada pela DECO. Se não dão qualquer esclarecimento a não sócios, por que razão, no serviço telefónico de informação, mandam esperar os não sócios? É só para os cidadãos pagarem a longa chamada telefónica? Será que a DECO também tem ligação à PT? Não seria mais honesto, logo no início da chamada, avisar que a linha se destina exclusivamente a sócios?
Claro que, de uma empresa destas, nunca serei sócia.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Era... mas já não é.

Os deputados Alegres deixaram cair a máscara e votaram a mesma suspensão da avaliação dos professores em sentido contrário ao da última vez. Se calhar, parafraseando Augusto Santos Silva, foram chamados à pedra.
Os Alegres querem estar de bem com Deus e com o Diabo. A política e os políticos que temos são estes. Sem valor e sem valores.

Enquanto eu fazia as rabanadas e os sonhos, Santana Castilho escrevia:

"Era mas já não é. O que é?

Era necessário observar aulas de professores avaliados, mas já não é. Só a pedido, para quem aspire a ser muito bom ou excelente.
Era necessário observar três aulas, mas já não é. Duas chegam, a pedido.
Era o coordenador que avaliava os colegas de departamento, mas já não é. Agora pode vir alguém de fora, rigor científico protegido.
Era muito importante cumprir objectivos previamente definidos, mas já não é. Os resultados escolares e as taxas de abandono deixaram de contar.
Era necessário fazer reuniões entre avaliadores e avaliados, mas já não é. Basta que estejam de acordo.

Era um processo para todos, mas já não é. Ficam de fora os contratados para determinadas áreas tecnológicas e artísticas, não pertencentes aos grupos de recrutamento, e os que se reformarão até 2011. Tudo somado, uns belos milhares.
Era preciso desdobrar um monte de fichas numa montanha de parâmetros para chegar a uma avalanche de itens, mas já não é. Caiu o número quê bê.

O que é? A saga da avaliação do desempenho no seu melhor, a política a descer ao charco. A juventude socialista foi para a porta das escolas doutrinar os alunos com manifestos apelativos. Nos jornais, os de distribuição gratuita incluídos, em prática antes nunca vista, publicam-se anúncios, pagos com o dinheiro dos nossos impostos, para arregimentar o pagode. Os endereços electrónicos dos professores, facultados para outros fins, protegidos pela ética da protecção de dados, ora mandada às malvas, são usados pelo Ministério da Educação, para manipular e pressionar. A remuneração complementar dos futuros directores das escolas, os peões que a visão napoleónica de Sócrates começa a colocar no terreno, subiu quase 50 por cento. Aos saltimbancos da profissão acenou-se com um generoso aumento de vagaspara o próximo concurso. O que é? A investida do Governo para dividir e desmobilizar os professores, no sentido de esvaziar a greve marcada para 19 de Janeiro.

Já aqui escrevi que a avaliação é um epifenómeno menor de uma política desastrosa para a qualidade da educação. Neste conflito, já perdeu o país. Já perderam os alunos. Já perdeu o Governo, o primeiro-ministro e a ministra da Educação. Podem agora perder os professores se não perceberem, como classe com responsabilidade social particular, que é a dignidade deles e a qualidade da escola pública que estão em jogo.
Talvez possamos ser indulgentes para com os pobres que vendem o voto por electrodomésticos distribuídos porta a porta. Mas não esperem os professores indulgência se cederem às primeiras facilidades e aceitarem sinecuras sem princípios.…"


Vieram as ameaças aos professores que recusem a avaliação, com processos, e aos Conselhos Executivos, com demissão. Os Conselhos Executivos, futuras Direcções, que já estavam, na sua grande maioria, de cócoras perante a Ministra, agora não vão querer perder os brutais aumentos das suas remunerações complementares. Associar o poder pelo poder, a um outro poder (o de compra) e, ainda por cima sem ter horário lectivo ou tê-lo reduzido, é ouro sobre azul. Assim a Ministra compra as direcções das escolas...
Coitados dos professores que não puderam reformar-se! Agora têm que lutar contra uma série de Ministros - a central e os locais.

"A violência, seja qualquer for a maneira como se manifesta, é sempre uma derrota"
Jean-Paul Sartre