segunda-feira, 24 de agosto de 2009

As voltas das estatísticas

O Primeiro-ministro e a Ministra da Educação encheram a boca com a redução do insucesso e do abandono escolar. Em termos de valores estatísticos eles são verdadeiros. Mas atenção! As estatísticas dão para o que cada um quiser fazer delas. Vitor Constâncio ganha cerca de 18.000,00 € e eu tenho de reforma perto de 2000,00 €. Em termos estatísticos ganhamos, em média, 10.000,00 €, o que não implica que eu não tenha que contar os tostões e ele não.

Este Governo resolveu acabar com os cursos tecnológicos e implementar os Cursos Profissionais e os Cursos de Educação e Formação para os jovens. Há, para além dos Cursos Gerais (7º ao 12º ano), as vias alternativas com cujos princípios eu estou de acordo.

No entanto, as Direcções Regionais de Educação, obrigaram (obrigaram mesmo) as escolas a abrir muitos cursos CEF e CP para atingir a meta do Governo de, em 2010, ter metade dos alunos do secundário a frequentar a via qualificante. De qualquer maneira. E isso foi conseguido. Abriram-se cursos de Qualidade e Controlo Alimentar em escolas em que não havia, nos laboratórios, fogão, frigorífico, etc. Abriu-se todo o tipo de curso sem sequer verificar se as escolas possuíam recursos materiais e humanos. Os professores dão o que se pode, como podem mas com uma condição emanada das DREs. Nesses cursos não pode haver reprovações. Logo aí, estamos a obrigar as estatísticas a chegar onde o Governo quer.

Para o ensino básico ainda não há essa obrigação. Ainda não passou de orientação. Mas já há escolas onde os Presidentes dos Conselhos Executivos, hoje Directores e da cor do Governo, aboliram a classificação, que por lei é de 1 a 5 para um “legislação interna” de 2 a 5. Assisti a Conselhos de Turma em que isso se passou.
Esses Directores caem em cima de professores que dão níveis negativos que são obrigatoriamente justificados. Mas se um professor der 5 a todos os alunos, ninguém lhe pede qualquer justificação.

Agora, em que as Câmaras se empenharam na eleição do Director para tudo fazerem para eleger pessoas da “cor”, as estatísticas poderiam melhorar ainda mais se este Governo não tivesse os dias contados. Estamos num novo PREC em que o medo impera e as passagens administrativas estão quase legalizadas.

Espero que o próximo Governo não continue por este caminho. É preciso ensinar aos jovens que as boas classificações se conseguem com trabalho.

2 comentários:

Manuel Veiga disse...

gostei da tua analise. muito oportuna

beijo

GP disse...

heretico
Detesto que tomem por lorpa e os políticos não deixam de o fazer. Acho desonesto que se apresentem como sucesso estatísticas perfeitamente falseadas. O português comum, que ainda acredita que os políticos falam verdade, até pode acreditar numa monstruosidade destas.
A democracia é o diabo e o ser humano, há milhares de anos neste mundo, ainda não arranjou nada melhor!?

beijo