sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Calimero

José Sócrates disse hoje que o PS é um partido sem «excluídos, perseguidos ou silenciados». Já me palpitava... Os excluídos, os perseguidos e os silenciados são os cidadãos que não dizem ámen com o PS.
Também fiquei a saber que a comunicação social, e não alguma comunicação social, também está envolvida na campanha negra. Esta calimerice já ultrapassa o aceitável. Talvez Daniel Sampaio conseguisse resolver esta mania da perseguição…
Só lamento que neste país a Justiça não funcione.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Os pequenos déspotas

Sinto-me cada vez mais sem chão nesta sociedade onde o desmoronar de valores chegou ao limite. A instrução que deveria ser dada na escola não faz sentido sem antes ter havido a educação que pertence aos pais e à sociedade.
Os jovens nascem e crescem numa sociedade onde grassa a mediocridade. Onde o sucesso não está associado ao trabalho; os fura-vidas é que vencem. Onde todos se sentem cheios de direitos mas muito poucos olham para os seus deveres. Onde a exigência é uma palavra vã. Onde não compensa ser cumpridor. Onde o crime compensa desde o atestado médico falso ou da fuga aos impostos à irresponsabilidade dos políticos. Onde a corrupção anda à solta. Os exemplos que as crianças e os jovens vêem à sua volta são lamentáveis e não são minimamente educativos.
Depois do 25 de Abril, assumiu-se que tudo traumatizava as crianças e os jovens. Em casa e na escola. Passaram a ser tratados como uns seres esquisitos susceptíveis a traumas pela mais pequena coisa. Nada lhes pode ser exigido mas eles podem exigir tudo. A palavra não deixou de fazer parte do vocabulário dos pais. Aqueles que ainda ousam pronunciar essa palavra, rapidamente a transformam num nim e depois num sim ou num silêncio permissivo. Quem manda em casa são os filhos. Os pequenos déspotas. Não se lhes ensina que há tempos de trabalho e tempos de lazer. Tudo para eles tem que ser a brincar. As novas pedagogias assim o determinam.
As crianças crescem a não dar valor a nada. Tudo o que têm é-lhes dado. Aparece. Sem mais. Nada é conquistado e por isso nada é valorizado. Quando chegam à escola querem uma aprovação ou uma determinada avaliação sem terem feito o esforço necessário para a conquistar. Em casa têm a televisão, o computador, as playstations a que recorrem quando lhes apetece sem qualquer limitação ou regra. Não são habituados, desde pequeninos a ter hábitos de disciplina e de trabalho. Sem uma educação exigente não se formam cidadãos competentes.
Quando eu era miúda, havia uma prenda no Natal. Uma. À qual eu dava um valor incomensurável. Durante meses o meu brinquedo era explorado até à exaustão. Hoje as crianças têm tantos brinquedos que se limitam a rasgar o papel de embrulho e pôr para o lado para rasgar o papel da próxima que voltam a pôr para o lado. Podem-me dizer que os tempos são outros. É verdade. Mas não precisar de se fazer nada para ter tudo, tira o valor das coisas e não é educativo.
Comprava-se uma pasta de couro que durava toda a primária. Hoje têm – exigem – uma mochila, no mínimo, por cada ano escolar. E todo o material escolar tem que ser de uma determinada marca, mais cara evidentemente. Os portugueses não têm a noção das prioridades. Desde o mais humilde cidadão ao mais conceituado membro do Governo. Vemos isso em muitos alunos subsidiados pelos Serviços da Acção Social Escolar que vão para a escola com o seu telemóvel. Vemos isso no que se gasta com coisas não prioritárias nos gabinetes ministeriais ou nas autarquias, ou em tantas obras públicas. Os pais deviam explicar às crianças, desde pequeninas, que se tem o que é necessário, e se pode ter, não o que se quer.
Para não ficarem comprometidas as gerações futuras era necessário agir já. Era preciso que cada um de nós fosse mais exigente consigo e com todos os que se vão cruzando na sua vida.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O casamento dos homossexuais

No frente a frente a que assisti há pouco, na SIC Notícias, Alberto Martins atacou a igreja católica a propósito dos casamentos homossexuais. Encheu a boca para frisar, mais do que uma vez, que à Igreja o que é da Igreja e ao Estado o que é do Estado.
Mas o Estado somos todos nós. Os católicos e os não católicos. Os socialistas e os não socialistas. …

O PS não é o Estado. O PS é um partido político livre de aconselhar os seus filiados e simpatizantes a serem a favor do casamento de homossexuais, apresentando os seus argumentos. Não pode obrigá-los a votar a favor porque o voto, em caso de referendo, é secreto. Aqui, a maioria absoluta não lhe dá o poder absoluto que o PS julga ter. Os socialistas votarão de acordo com a sua consciência.
Mas a Igreja Católica tem igualmente o direito de aconselhar os seus fiéis a votarem não e eles farão o que a sua consciência lhes ditar.


Os que não pensam pela sua cabeça (socialistas, católicos, …) votarão naquilo que lhe mandarem. É uma das desvantagens da democracia.
A democracia é um sistema político que me não agrada, que acho ultrapassado, mas é o menos mau que temos. E em democracia todas as associações legalmente instituídas têm o direito a manifestar a sua opinião sobre qualquer assunto e a convencer, argumentando, os seus seguidores a manifestarem essa mesma opinião.


Senhor Dr. Alberto Martins! A democracia não é só para quando dá jeito. É em todas as situações. E o senhor é um democrata. Ou não?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Palhaçada

Tive a triste ideia de ver hoje o debate no Parlamento. Sócrates igual a si mesmo. Mantém o meu sorrido sarcástico de quem tudo pode porque tem uma maioria absoluta. Aquele sorriso cínico que me deixa com pele de galinha. Continua a querer convencer-nos que a verdade é uma só e é a dele. Que o Governo que lidera teve sempre uma actuação 100% correcta. Que Portugal está agora a anos-luz (para melhor, claro) do que estava antes dele ter sido eleito. Que o dinheiro da CGD não é dos portugueses. Que temos uma justiça respeitável. Que o caso do BPN só podia ser resolvido como o Governo fez. Que a posição do Presidente do Banco de Portugal foi irrepreensível. Que os partidos da oposição o perseguem. Esta mania da perseguição já rasa o patológico...
Que triste país este em que tive a desdita de nascer.

É no que dá haver maiorias absolutas. O poder corrompe. Sempre e em qualquer instituição.

Suponho que chamar palhaço ao Primeiro-ministro não deve ser um insulto que mereça grande castigo. Afinal Alberto Martins chamou palhaço ao Presidente da República, em 1969, e ocupa o lugar que ocupa. Aliás, o meu Pai fazia parte das individualidades a quem esses insultos foram dirigidos.

Tantos séculos de humanidade e ainda não se arranjou nada melhor do que a democracia. Que diabo de homens constituem esta humanidade!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Haja bom senso, Senhora Ministra!

Há dias chegou-me, por mail, um projecto de Despacho do Ministério da Educação para a contratação de professores voluntários para as escolas. Pensei tratar-se de brincadeira e pedi mais esclarecimento a quem me enviou essa notícia. Hoje deparo-me com a notícia www.educare.pt.

“Professores reformados para trabalho voluntário nas escolas

O Ministério da Educação pretende recrutar professores reformados para, em regime de voluntariado, colaborarem no apoio aos alunos nas salas de estudo, em projectos escolares ou no funcionamento das bibliotecas.

Segundo um projecto de despacho do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, a que a Lusa teve acesso, as escolas definem no início de cada ano lectivo as suas necessidades, estabelecendo o perfil dos candidatos a recrutar e elaboram um programa de voluntariado.O programa tem a duração de um ano lectivo, sendo renovável por iguais períodos de tempo. O trabalho do professor voluntário implica um mínimo de três horas por semana. (…)”


Para ler tudo clique aqui.

Se esta atitude fosse tomada por um Ministro que tudo tivesse feito pela educação, que tivesse valorizado o trabalho que os professores fazem, e nas condições em que têm de o fazer, eu até poderia concordar.
Mas com esta equipa ministerial, é impensável. Esta atitude do Ministério, nesta altura, é absolutamente inqualificável. Trata os professores por professorzecos, chama-lhes madraços, implementa um concurso para professor titular que envergonha qualquer pessoa de bom senso, enche-lhes os dias com burocracias que nada interessam, atira-lhes para cima toneladas de legislação, impõe-lhes uma avaliação na qual a competência está ausente e tantos, tantos maus tratos. Quatro anos de inferno que levaram milhares de docentes a pedir a aposentação antecipada, a maior parte deles com penalização. E agora quer que eles vão, “de borla”, trabalhar para as escolas?


Só faltava realmente chamar-nos burros. Já não falta mesmo nada.