quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A maioria dos portugueses votantes quis isto

“De modo que permaneceu sentado contando cada batida do seu angustiado embora insensível coração, grávido de uma cólera surda que só conseguia expressar com a imobilidade, devolvido ao passado através das imagens que lhe inflamavam a retina.”

Foi este o último parágrafo que li do livro “a Ofensa” de Ricardo Menéndez Salmón antes de começar a falar o Primeiro-ministro nas televisões. Eu fiquei exactamente como Kurt Cruwell. Imóvel, com uma revolta imensa, com uma raiva incontida, com uma fome de justiça, com uma tristeza imensa de já não poder fugir deste miserável país. A hecatombe que Sócrates me atirou para cima deixou-me com uma tal imobilidade que não fui onde devia ter ido à noite. O corpo e a alma não mo permitiam.

Hoje, só quero dizer aos portugueses que votaram neste miserável governo, aos funcionários públicos que se venderam por um aumento de 2,9%, aos concidadãos que, apesar de todas as evidências, ainda acreditaram em José Sócrates e nele votaram, que lhes desejo, do fundo do meu coração angustiado, que venham a sofrer, nos próximos anos, mais do que eu. Merecem, já que nele votaram.

Afinal a maioria dos portugueses votantes quis isto. Assim seja!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Para lamentar

O PR recebe hoje e amanhã os partidos com representação para lamentar. A ver vamos.

Manuel Alegre diz que o PR está a fazer campanha eleitoral e que não devia meter-se já a solução do problema compete aos partidos políticos. Há dias, o mesmo senhor Alegre disse que o PR já devia ter tomado esta decisão há muito tempo. Também é para lamentar.

Sr. Alegre, seja coerente com os ataques a Cavaco Silva e decida-se. Eu já decidi em quem não voto para PR.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Finalmente boas notícias!

Primeira boa notícia:
Pedro Silva Pereira, um homem que pessoalmente me irrita, disse que o Governo se demite se o Orçamento não for aprovado. Isso é que era bom para nós. Até custa a crer porque os políticos agarram-se ao poder como lapas e fartam-se de mentir. Mas quem sou eu para duvidar da palavra de Pedro Silva Pereira. Agora está nas mãos da oposição chumbar o Orçamento.

Segunda boa notícia:
António Mendonça diz que a solução para Portugal é o TGV. Resolve tudo. Até vai dar trabalho a médias, pequenas, micro e nano empresas. Parece o milagre da multiplicação dos pães. O TGV está nos últimos dias dos saldos. Não custa nada este ano e para os próximos dois anos pouco custa. Fica tão barato, tão barato que eu vou ponderar construir um para as casas das minhas filhas já que o Metro não vai lá. Aliás até talvez possa fazer um para Ponte da Barca, para Coimbra, para Setúbal e para Faro. Assim posso visitar as minhas irmãs com facilidade.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Faço a minha parte, como disse o PR

Ando preocupada comigo. Acho que estou a ficar masoquista. Continuo a ver/ler as notícias. O que vejo é um país perdido, sem rumo, falido, deprimido mas com políticos cheios de vontade de se esgadanharem. Cada um olha para o seu tacho, para os tachos prometidos, para o seu partido mas diz, com a maior das latas, que está naquele cargo por Portugal e pelos Portugueses.

Afinal quem está no Governo? O PS ou o PSD? Se é o PS, como julgo, por que carga de água tem que ser a oposição a dizer o que se deve fazer?

O PS teve que resolver o problema do PEC. O PSD ajudou a aprovar um aumento de impostos. O PSD foi suficientemente ingénuo para fazer um acordo de cavalheiros. Mas na política não há cavalheiros. Há interesses que se sobrepõem a tudo e que tudo justificam. O acordo tinha que ser por escrito. Preto no branco. Com testemunhas que deviam ser os portugueses. O PS aproveitou esse acordo para esfaquear o PSD pelas costas. E continua a atacá-lo.

Agora o PS precisa outra vez do PSD. O PS quer aumentar impostos mas não quer perder votos. Então quer que o PSD aprove o orçamento para depois dizer que o PSD aumentou os impostos. Quer ser ele a elaborar o orçamento mas quer que a responsabilidade de uma eventual catástrofe (como se o chumbo do Orçamento fosse uma catástrofe) seja do PSD.

Mas o PSD está, como eu, a ficar masoquista e ainda acaba por aprovar o Orçamento para não ficar como o mau da fita.

Espanta-me muito que todos os partidos perguntem (e queiram a resposta) onde se pode cortar. Já que ninguém, no Parlamento sabe onde se pode cortar, eu dou uma ajudinha, embora não seja a minha área, não seja obrigação minha e ninguém me pague para tal.

• Diminuam o número de deputados para metade. Ao que eles fazem, metade chega e sobra.
• Diminuam o número de freguesias para um décimo. Ou melhor, um vigésimo. Há freguesias com uma área de 1 quilómetro quadrado.
• Acabem com 80% das empresas públicas. E ainda ficam 20% para colocar os amigos.
• Acabem com os Governos Civis. Só servem para colocar os do partido e para gastar dinheiro. Utilidade, não têm nenhuma.
• Acabem com os carros. É uma pouca vergonha o que se passa com as viaturas que, para traseiros deste calibre, têm que ser do mais topo de gama que há. Ainda hoje se soube o que passa com as Águas de Portugal. Justificação – os quadros superiores vão, de BMW, atrás dos carros de piquete arranjar as fugas de água. ahahahahahah
• Acabem com telemóveis, cartões e regalias desse género. Um trabalhador da função pública recebe apenas o seu ordenado e é com ele que faz as suas chamadas telefónicas, que faz as suas extravagâncias, se o ordenado der.
• Acabem com todas as obras que não sejam de primeira necessidade. Quantos países ricos vivem sem TGV?

Se fizerem isto, dentro de pouco tempo temos as dívidas saldadas e uma pesada herança como a que o Salazar nos deixou e que os portugueses desbarataram em três tempos.


domingo, 19 de setembro de 2010

Em 22 de Junho de 1908 foi benzida a Igreja de Fermentelos. O meu avô paterno, que concluiu a sua licenciatura em Medicina em 1902 e que sempre foi muito querido na sua terra, foi um dos elementos da Comissão dessa igreja e conseguiu, para ela, as tribunas e dois altares laterais que vieram de um convento de Lisboa.
Em 1954, Fermentelos homenageou os quatro elementos dessa Comissão, colocando uma lápide na igreja.
Há pouco tempo a igreja foi restaurada e, à boa maneira portuguesa, destruíram-se algumas das particularidades desse templo. O chão, de ripas de madeira, foi substituído por um pavimento flutuante. A divisória de madeira que dividia a zona dos homens e das mulheres, pura e simplesmente desapareceu. As paredes estão de um branco que em nada beneficia os altares de talha dourada. A placa com o nome dos elementos da Comissão passou da parede exterior para uma parede da primeira entrada da igreja, agora revestida de vidro. Mas muito pior do que tudo isto. Foi colocado um ecrã fixo, para utilização das novas tecnologias durante as celebrações, mesmo em frente ao altar principal. Mesmo sabendo que esta igreja não é de um valor histórico de realce (embora para mim o seja), não entendo como é possível tapar assim um altar principal.

Assisti lá à missa e foi com mágoa que vi o que fizeram à igreja, em cuja construção o meu avô tanto se empenhou.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Understanding story

Já não aguento o Processo Casa Pia. O processo em que há uma vedeta - Carlos Cruz. Vedeta que está em toda a comunicação social, todos os dias, todas as horas. Chega. Ele diz que é inocente. Como todos. Com meia dúzia de excepções, nunca há culpados para crime nenhum. Que ele andou muito por Elvas, andou. Há moradores da zona que se fartaram de o ver por lá mas, obviamente, não sabiam o que ia fazer. E o que ele ia fazer só sabe ele e quem com ele esteve, voluntaria ou involuntariamente. O mediático advogado dele tem a certeza de que ele nunca foi a Elvas. Como é que ele pode ter essa certeza? Apenas pela palavra do seu cliente? E a palavra das vítimas não conta?

Incomoda-me pensar que houve vítimas e que não há culpados. Incomoda-me pensar que podem sair todos inocentes tirando o Carlos Silvino que, como não pode pagar um Sá Fernandes, tem que se sujeitar.

Não acredito na justiça nem nos advogados.

sábado, 4 de setembro de 2010

A justiça que temos

Ontem tive mais uma prova de algo que eu sempre soube. A justiça está mal também por causa dos advogados.

A anedota diz tudo.

Um homem passa em frente de uma lápide que diz:
"Aqui jaz um advogado, um homem honrado, um homem íntegro."
O homem benze-se e diz assustado:
-Virgem Santíssima! Enterraram três homens na mesma campa!