domingo, 17 de outubro de 2010

Óbito de Portugal

Um país que estava de tanga em 2001 e em 2010, depois de serem pedidos sacrifícios consecutivos aos portugueses, está nu. Um país onde os políticos oferecem computadores a milhões de crianças e, a seguir, lhe tiram os meios de subsistência. Um país que deve este mundo e o outro e que precisa que o Orçamento de Estado seja viabilizado para pedir mais dinheiro emprestado. Um país que desbaratou milhões de euros no embuste que é o Programa Novas Oportunidades, cuja finalidade é encher o país de analfabetos, à boa maneira de Salazar, mas comprando-os com uma qualificação. Um país onde os políticos, em tempo de crise e em véspera de eleições, numa atitude irresponsável e criminosa, aumenta 2,9 % ao vencimento dos funcionários públicos. Um país que arranja mecanismos desonestos, a que chama PPP, para fazer obra que os que vierem hão-de pagar. Um país cujos políticos, de norte a sul e de este a oeste, fundam empresas, institutos e afins que de pouco ou nada servem e cuja finalidade é colocar os amigos. Um país que tem um número injustificável de ministérios e com equipas ministeriais assustadoramente grandes onde, por mera coincidência, trabalham filhos e filhas dos correligionários. Um país onde qualquer saloio analfabeto que consiga entrar para a política consegue enriquecer em pouco tempo. Um país que está esquartejado em distritos e freguesias onde (imagine-se!) temos freguesias com 1 quilómetro quadrado e distritos (imagine-se!) com apenas uma freguesia, como é o caso de S. João da Madeira, tudo com a finalidade de arranjar tachos para os filiados partidários. Um país, que pouco maior é que uma quinta grande, onde os políticos viram necessidade de colocar no Parlamento o número máximo de deputados previsto por lei, já de si afrontosamente exagerado. Um país onde os políticos não servem os portugueses mas servem-se dos portugueses. Um país onde, para os políticos, poupar na despesa é apenas diminuir os vencimentos de quem trabalha ou tem uma reforma depois de uma vida de trabalho e ainda por cima têm a pouca vergonha de dizer que o fazem com uma dor na alma. Um país onde se criou, em Março de 1993, a Parque EXPO, uma empresa de capitais públicos para “conceber, executar, construir explorar e desmantelar a Exposição Mundial de Lisboa (EXPO’98)” e passados 18 anos continua a existir e fazer aquilo que sempre se fez sem ela, antes da EXPO. Um país onde o dirigente de um partido político não pára de insultar o adversário com quem quer negociar. Um país que tem um parlamento com gente sem valor e sem valores, sem moral e sem educação. Um país onde a DGCI gastou 220 mil euros a comemorar o aniversário. Um país que, no auge de mais uma crise, gastou uma quantia obscena nas comemorações do 5 de Outubro. Um país onde os políticos brincam com os nossos dinheiros e nunca são responsabilizados. … E podia ficar aqui um ano a escrever os desmandos dos nossos políticos e das nossas políticas.

Um país destes, para mim, chegou ao fundo. Tem de pedir a insolvência. Os políticos deste país já me deram provas mais do que suficientes de que não são honestos, de que não são capazes de governar nem gerir os dinheiros públicos.

Como se pode viabilizar um Orçamento de Estado para esta chafarica? Quem vai assinar a certidão de óbito de Portugal?

É que os do costume vão pagar as asneiras sucessivas dos governantes com uma única certeza – não vai servir de nada. Em 2011 teremos mais e mais gravosos PECs. Os que o vão decidir fazem-no levianamente porque a vida deles não vai ser, nunca foi nem nunca será, minimamente beliscada.

Com partidos políticos nunca teremos mais do que isto e sem partidos políticos, dizem, não temos democracia. Mas se a democracia é isto, eu não quero viver em democracia.

Precisávamos de um Salazar para pegar no Ministério das Finanças e colocar esta corja toda no olho da rua. Ou de uma revolução, desta vez sem cravos.

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