Fernão de Magalhães foi um português determinado, nascido em Trás-os-Montes, na segunda metade do século XV, que preparava as suas estratégias “como passos de dança”. “Dominava, como poucos, as técnicas de navegação. Isso levou-o a projectar uma viagem espantosa, que respondeu à grande questão da época: saber se a terra era esférica ou não”.
Participou na conquista de Malaca sob o comando de Afonso de Albuquerque, em 1513, e em 1519 inicia a primeira viagem de circum-navegação. Chegou à baía de Guanabara, alcançou a foz do Rio de Prata, passou na baía de S. Julião, desembocou no Pacífico, descobriu a ilha dos Ladrões e o arquipélago das Filipinas, onde morreu em combate.
Um português destes não merecia a “fantochada” que foi feita com os computadores, aos quais foi dado o seu nome, e que uma dúzia de governantes andou a distribuir por esse país fora.
Vamos primeiro às cenas que vimos e às que não vimos na televisão. O que vimos foi um alarido tal que só se justificava se o Fernão de Magalhães tivesse acabado de concluir a viagem de circum-navegação agora. Vimos um governo inteiro fechar “o tasco” para se passear pelo país fora numa acção de total e absoluta inutilidade. Os Directores Regionais, ou os próprios Conselhos Executivos das escolas podê-lo-iam ter feito.
Agora o que não vimos. Na escola de S. Mamede de Infesta, além do primeiro-ministro, estavam os operadores das redes móveis. Tudo acabado, faltava desmontar as tendas. Os operadores foram informados que tinham de esperar que o PM falasse e ele só falava às 13 h para entrar em directo nos telejornais. A P. telefonou-me indignada. Queria vir-se embora, precisava de almoçar, queria continuar o seu dia de trabalho e estava impedida de o fazer por causa da propaganda eleitoral do PS. A isto eu chamo falta de respeito pelos cidadãos que trabalham e que, ainda, não são obrigados a colaborar em festas eleitoralistas.
Agora falemos dos Magalhães computadores. Para que querem as crianças do primeiro ciclo um computador pessoal? Para jogar. Será isso tão educativo que mereça este investimento e este despropósito? Mais. Todas essas crianças já têm acesso aos computadores da escola e muitos deles têm-no em casa. Já estive, vários anos a dirigir a sala de estudo da escola onde lecciono. Contavam-se pelos dedos das mãos os alunos que recorriam aos computadores para trabalhar. Os jogos e a página do Futebol Clube do Porto eram a procura maioritária.
Enquanto se oferecem computadores a eito, na minha Área Disciplinar somos 12 professores e temos 1 (um) projector multimédia. É ver quem chega primeiro e o apanha. Que me interessa ter no meu portátil uma simulação, um programa, uma página interessantíssimas para os alunos, se chego à escola e não o posso mostrar porque outro(a) colega já “arrebanhou” o projector multimédia?
Pergunto eu. Não seria muito mais útil investir este balúrdio que foi gasto, do propagandeado plano tecnológico, no apetrechamento das escolas? Computadores têm as escolas em número mais que suficiente para todos os alunos que o não têm em casa.
Mas, para o cidadão ignorante (a maioria), apetrechar as escolas não lhes entra pela casa dentro. Não vêem como uma mais-valia. E os pais correspondem a muitos, muitos votos.
Haja paciência para tanta ignorância de uns e tanta hipocrisia dos outros.
sábado, 27 de setembro de 2008
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Sarcasmo
Vi e ouvi uma pequena parte do debate na Assembleia da República.
Estou a acabar de ler um livro de Julian Barnes que, num dos contos de "A mesa limão", diz que o sarcasmo é uma fraqueza moral. Foi o que eu vi no sorriso do nosso primeiro...
Estou a acabar de ler um livro de Julian Barnes que, num dos contos de "A mesa limão", diz que o sarcasmo é uma fraqueza moral. Foi o que eu vi no sorriso do nosso primeiro...
sábado, 20 de setembro de 2008
Fica o aviso
Após oito dias do início das aulas, continuam as visitas de altas figuras do Governo às escolas numa pura encenação de propaganda eleitoral. Quem assim age está obsessivamente empenhado em tentar compensar reformas erradas com uma estudada boa figura perante o país, através dos órgãos de comunicação social.
Sou adepta confessa da valorização do mérito. Mas do mérito mesmo. Não considero digno de mérito "ter um olho em terra de cegos". As escolas têm o seu “Quadro de Honra” e há Instituições como os Lions ou os Rotários que atribuem prémios aos melhores alunos das escolas da sua área. Absolutamente de acordo desde que as escolas não atribuam mérito a todos que têm uma média superior a um valor estipulado. Isso é tirar mérito ao mérito.
Institucionalizar o “Dia do Diploma” já me parece exagero. Os alunos que têm possibilidade de frequentar o 12º ano, não fazem mais do que a sua obrigação em conclui-lo. Fazem aquilo que devem fazer – trabalham. Não têm nisso mérito algum. Daí que considere fantochada, a entrega pelo Primeiro-ministro dos diplomas de fim de ciclo a tantos jovens. Com tantos problemas com os quais o país se debate, pensava eu que o PM teria mais que fazer do que andar a calcorrear o país, de escola em escola, acompanhando a Ministra da Educação.
A “atribuição dos Prémios de Mérito Ministério da Educação, criados com o objectivo de distinguir, em cada escola, o melhor aluno dos cursos científico-humanísticos e o melhor aluno dos cursos profissionais, tecnológicos ou do ensino artístico especializado” serviu para dar ao Governo mais uns largos minutos de antena. Pura campanha eleitoral. (Sobre estes prémios ainda me debruçarei numa próxima oportunidade já que não é tão linear como consta na página do Ministério).Pura propaganda eleitoral foi, também,a entrega de livros aos mais pequenos. Areia que atiram para os olhos dos portugueses que ainda se deixam levar por estas coisas. Uma jornalista de um canal televisivo referia a pertinência da entrega de livros num país onde um em cada dez portugueses são analfabetos.
Não tenho a pretensão de fazer ver o que se passa nas escolas a quem não vive o dia a dia de uma delas. Já desisti. Os fazedores de opinião (que nunca estiveram ligados ao ensino não superior mas são pagos para falar do que não sabem) já “construíram” a cabeça de muitos portugueses. Mas, com 36 anos de sala de aula, sinto-me no dever e com o direito de deixar um aviso. Este Governo sempre disse que era urgente qualificar os portugueses, nunca disse que era preciso prepará-los para algo. Portanto, está a cumprir esta promessa (deve ser a única). Está a qualificar aos milhares. Veja-se como esta senhora fez 4 anos em cerca de 25 horas.
Deixem continuar estas “reformas” que daqui por uma dezena de anos teremos 8 em cada 10 cidadãos analfabetos... mas qualificados. Os 2% que retirei referem-se aos que têm famílias com nível cultural e económico que lhes permite proporcionar aos seus filhos um ensino de qualidade e exigência.
Quem viver verá.
Eu espero estar cá para assistir ao povo a dizer “o rei vai nu”.
Fica o aviso.
Sou adepta confessa da valorização do mérito. Mas do mérito mesmo. Não considero digno de mérito "ter um olho em terra de cegos". As escolas têm o seu “Quadro de Honra” e há Instituições como os Lions ou os Rotários que atribuem prémios aos melhores alunos das escolas da sua área. Absolutamente de acordo desde que as escolas não atribuam mérito a todos que têm uma média superior a um valor estipulado. Isso é tirar mérito ao mérito.
Institucionalizar o “Dia do Diploma” já me parece exagero. Os alunos que têm possibilidade de frequentar o 12º ano, não fazem mais do que a sua obrigação em conclui-lo. Fazem aquilo que devem fazer – trabalham. Não têm nisso mérito algum. Daí que considere fantochada, a entrega pelo Primeiro-ministro dos diplomas de fim de ciclo a tantos jovens. Com tantos problemas com os quais o país se debate, pensava eu que o PM teria mais que fazer do que andar a calcorrear o país, de escola em escola, acompanhando a Ministra da Educação.
A “atribuição dos Prémios de Mérito Ministério da Educação, criados com o objectivo de distinguir, em cada escola, o melhor aluno dos cursos científico-humanísticos e o melhor aluno dos cursos profissionais, tecnológicos ou do ensino artístico especializado” serviu para dar ao Governo mais uns largos minutos de antena. Pura campanha eleitoral. (Sobre estes prémios ainda me debruçarei numa próxima oportunidade já que não é tão linear como consta na página do Ministério).Pura propaganda eleitoral foi, também,a entrega de livros aos mais pequenos. Areia que atiram para os olhos dos portugueses que ainda se deixam levar por estas coisas. Uma jornalista de um canal televisivo referia a pertinência da entrega de livros num país onde um em cada dez portugueses são analfabetos.
Não tenho a pretensão de fazer ver o que se passa nas escolas a quem não vive o dia a dia de uma delas. Já desisti. Os fazedores de opinião (que nunca estiveram ligados ao ensino não superior mas são pagos para falar do que não sabem) já “construíram” a cabeça de muitos portugueses. Mas, com 36 anos de sala de aula, sinto-me no dever e com o direito de deixar um aviso. Este Governo sempre disse que era urgente qualificar os portugueses, nunca disse que era preciso prepará-los para algo. Portanto, está a cumprir esta promessa (deve ser a única). Está a qualificar aos milhares. Veja-se como esta senhora fez 4 anos em cerca de 25 horas.
Deixem continuar estas “reformas” que daqui por uma dezena de anos teremos 8 em cada 10 cidadãos analfabetos... mas qualificados. Os 2% que retirei referem-se aos que têm famílias com nível cultural e económico que lhes permite proporcionar aos seus filhos um ensino de qualidade e exigência.
Quem viver verá.
Eu espero estar cá para assistir ao povo a dizer “o rei vai nu”.
Fica o aviso.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
AS ACND
Tenho na minha mão a cópia do ofício que seguiu ontem para a Caixa Geral de Aposentações e que diz:"A pedido da subscritora acima referenciada, somos a enviar requerimento de aposentação."
Não queria acabar assim a minha carreira. Dediquei-me demasiado e demasiados anos para me ver forçada a “fugir” da profissão que escolhi e da qual gostei muito. Mas esta equipa governativa não me dá alternativa. Transformaram-me em burocrata e o tempo que me dão para ser professora é insuficiente para exercer a profissão com a qualidade com que me orgulho de sempre o ter feito. Os fazedores de opinião, tipo Miguel Sousa Tavares, Emídio Rangel, Manuel Ribeiro e tantos outros trataram-me como a mais vil das criaturas. A Confederação Nacional das Associações de Pais, na voz do senhor Albino Almeida, também me ofendeu variadas vezes. A Ministra chamou-me publicamente professorazeca e foi o menor dos insultos. Gente desta não merece o que eu fiz pelo país que é de todos. Ficam eles. Eu vou. Atingi a exaustão.
Resta-me a consolação de ter ajudado a formar verdadeiros cidadãos que, depois de décadas, ainda me contactam e querem a minha assinatura nas fitas da sua pasta. Por eles, e apenas por eles, não dou o tempo por perdido.
Hoje vou ter uma reunião de professores que leccionar a Área de Projecto. Eu tenho essa área curricular não disciplinar (ACND) numa das turmas do oitavo ano.
Para a reunião foram-me enviados, para além da convocatória, 14 (catorze) documentos. A ver:
Grelha de Observação, Grelha de Avaliação, Ficha de Avaliação de Grupo, Ficha de Auto-Avaliação, Ficha de Avaliação Intermédia, Planificação das disciplinas intervenientes, Planificação Geral, Planificação de Grupo, Temas sugeridos, Projecto do Clube de Protecção civil do meu estabelecimento de ensino, Documentos com todas as etapas do trabalho de projecto, Despacho nº 19308 de 21 de Julho de 2008, Nos trilhos da Área de Projecto (documento com 14 páginas) e a lista dos docentes que irão leccionar a dita ACND.
Tudo isto me é enviado por mail, pelo que sou eu que imprimo toda esta “tralha” com impressora, papel e tinta que pago do meu bolso e que continuarei a pagar cada vez que me pedirem grelhas ou fichas preenchidas.
Mas eu sou professora da disciplina de Ciências Físico-Químicas, uma Área Curricular Disciplinar (ACD). Para esta disciplina eu tenho aulas para preparar, planificação anual e planificação para os encarregados de educação, grelhas para correcção de testes, grelhas para correcção de fichas de trabalho, grelhas para a avaliação sistemática na sala de aula, grelhas de observação para as aulas práticas e sei lá que mais. Ou bem que dou aulas como deve ser ou bem que preencho papelada.
Para terminar quero deixar aqui a lista das áreas curriculares, disciplinares ou não, que esta turma de miúdos do oitavo ano tem. Língua Portuguesa, Inglês, Francês, História, Geografia, Matemática, Ciências Naturais, Ciências Físico-Químicas, Educação Visual, Expressão Artística (um semestre), Educação Tecnológica (um semestre), Educação Física, PAM (Plano de Acção da Matemática), Formação Cívica, Estudo Acompanhado, Área de Projecto e Educação Moral e Religiosa Católica (facultativa). Contem-nas… eu vou para a reunião.
Não queria acabar assim a minha carreira. Dediquei-me demasiado e demasiados anos para me ver forçada a “fugir” da profissão que escolhi e da qual gostei muito. Mas esta equipa governativa não me dá alternativa. Transformaram-me em burocrata e o tempo que me dão para ser professora é insuficiente para exercer a profissão com a qualidade com que me orgulho de sempre o ter feito. Os fazedores de opinião, tipo Miguel Sousa Tavares, Emídio Rangel, Manuel Ribeiro e tantos outros trataram-me como a mais vil das criaturas. A Confederação Nacional das Associações de Pais, na voz do senhor Albino Almeida, também me ofendeu variadas vezes. A Ministra chamou-me publicamente professorazeca e foi o menor dos insultos. Gente desta não merece o que eu fiz pelo país que é de todos. Ficam eles. Eu vou. Atingi a exaustão.
Resta-me a consolação de ter ajudado a formar verdadeiros cidadãos que, depois de décadas, ainda me contactam e querem a minha assinatura nas fitas da sua pasta. Por eles, e apenas por eles, não dou o tempo por perdido.
Hoje vou ter uma reunião de professores que leccionar a Área de Projecto. Eu tenho essa área curricular não disciplinar (ACND) numa das turmas do oitavo ano.
Para a reunião foram-me enviados, para além da convocatória, 14 (catorze) documentos. A ver:
Grelha de Observação, Grelha de Avaliação, Ficha de Avaliação de Grupo, Ficha de Auto-Avaliação, Ficha de Avaliação Intermédia, Planificação das disciplinas intervenientes, Planificação Geral, Planificação de Grupo, Temas sugeridos, Projecto do Clube de Protecção civil do meu estabelecimento de ensino, Documentos com todas as etapas do trabalho de projecto, Despacho nº 19308 de 21 de Julho de 2008, Nos trilhos da Área de Projecto (documento com 14 páginas) e a lista dos docentes que irão leccionar a dita ACND.
Tudo isto me é enviado por mail, pelo que sou eu que imprimo toda esta “tralha” com impressora, papel e tinta que pago do meu bolso e que continuarei a pagar cada vez que me pedirem grelhas ou fichas preenchidas.
Mas eu sou professora da disciplina de Ciências Físico-Químicas, uma Área Curricular Disciplinar (ACD). Para esta disciplina eu tenho aulas para preparar, planificação anual e planificação para os encarregados de educação, grelhas para correcção de testes, grelhas para correcção de fichas de trabalho, grelhas para a avaliação sistemática na sala de aula, grelhas de observação para as aulas práticas e sei lá que mais. Ou bem que dou aulas como deve ser ou bem que preencho papelada.
Para terminar quero deixar aqui a lista das áreas curriculares, disciplinares ou não, que esta turma de miúdos do oitavo ano tem. Língua Portuguesa, Inglês, Francês, História, Geografia, Matemática, Ciências Naturais, Ciências Físico-Químicas, Educação Visual, Expressão Artística (um semestre), Educação Tecnológica (um semestre), Educação Física, PAM (Plano de Acção da Matemática), Formação Cívica, Estudo Acompanhado, Área de Projecto e Educação Moral e Religiosa Católica (facultativa). Contem-nas… eu vou para a reunião.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Que seria de nós sem o simplex?
Tenho um casal amigo que teve um jovem familiar a estudar na Dinamarca. Estiveram lá algumas vezes e um dia disseram-me: “Nunca vás à Dinamarca. Certinha, honesta, metódica e arrumada como és, de certeza que não regressas”. Vem isto a propósito de um episódio que vivi há minutos.
Fui aos serviços administrativos da minha escola entregar um documento necessário para completar o processo do pedido da reforma. Por lei podia pedi-la no dia 14 de Setembro. Como calha num domingo, seria espectável que o processo seguisse na segunda-feira, dia 15. Seria se eu estivesse na Dinamarca... O impresso que acompanha o processo tem que ser preenchido on-line. Depois de assinado por quem de direito, é anexado ao processo e enviado à Caixa Geral de Aposentações.
Mas o simplex tem coisas que nem ao diabo lembram. O impresso não aceita, no preenchimento on-line, a data do dia mas apenas a da véspera. Sendo assim, não pode ser preenchido no dia 15 porque a véspera é domingo e o computador não aceita. Terá de ser preenchido no dia 16 para figurar a data de 15.
Tudo isto num país onde, segundo li, o nosso primeiro se “licenciou” num domingo.
Neste país de filhos e enteados, os filhos são cada vez mais filhos e os enteados são cada vez mais enteados.
Fui aos serviços administrativos da minha escola entregar um documento necessário para completar o processo do pedido da reforma. Por lei podia pedi-la no dia 14 de Setembro. Como calha num domingo, seria espectável que o processo seguisse na segunda-feira, dia 15. Seria se eu estivesse na Dinamarca... O impresso que acompanha o processo tem que ser preenchido on-line. Depois de assinado por quem de direito, é anexado ao processo e enviado à Caixa Geral de Aposentações.
Mas o simplex tem coisas que nem ao diabo lembram. O impresso não aceita, no preenchimento on-line, a data do dia mas apenas a da véspera. Sendo assim, não pode ser preenchido no dia 15 porque a véspera é domingo e o computador não aceita. Terá de ser preenchido no dia 16 para figurar a data de 15.
Tudo isto num país onde, segundo li, o nosso primeiro se “licenciou” num domingo.
Neste país de filhos e enteados, os filhos são cada vez mais filhos e os enteados são cada vez mais enteados.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Roubar legalmente
Apresentei-me hoje ao serviço após as férias a que a lei me dá direito. Mas não pensem que chego ao serviço e começo a trabalhar. Não. Tenho de pagar para recomeçar o meu serviço após as férias. Sou obrigada a comprar, sem recibo, um impresso (cinco cêntimos, paguei hoje), do Ministério da Educação, que preencho. Só após a entrega desse impresso preenchido, eu estou efectivamente ao serviço.
Todos os anos é isto. Pago para ir trabalhar. E pago porque uma lei estúpida a tal me obriga. Mas pago sob protesto. E se tiver dois períodos de férias, são dois os impressos que compro, sem recibo.
Acho inaceitável ter de pagar para retomar o serviço depois das férias ou de um atestado médico. Quanto aos atestados, os que entreguei numa vida inteira de trabalho, não ultrapassaram a meia dúzia. Mas férias, gozo-as todos os anos.
A quantia em causa é insignificante mas o princípio, francamente, acho inadmissível. Tudo serve para nos roubarem dinheiro cujo destino nenhum de nós conhece pelo que temos o direito de fazer as nossas suposições. E, se multiplicarmos os 50 cêntimos por milhares de professores todos os anos, já dá uma quantia bastante razoável.
Será que os ministros e afins também compram um impresso para retomar o serviço?
É o país que temos. O Governo não aparece encapuçado, não vem armado mas rouba da mesma maneira. Oferece a si mesmo as leis que lhe permitem roubar legalmente.
Todos os anos é isto. Pago para ir trabalhar. E pago porque uma lei estúpida a tal me obriga. Mas pago sob protesto. E se tiver dois períodos de férias, são dois os impressos que compro, sem recibo.
Acho inaceitável ter de pagar para retomar o serviço depois das férias ou de um atestado médico. Quanto aos atestados, os que entreguei numa vida inteira de trabalho, não ultrapassaram a meia dúzia. Mas férias, gozo-as todos os anos.
A quantia em causa é insignificante mas o princípio, francamente, acho inadmissível. Tudo serve para nos roubarem dinheiro cujo destino nenhum de nós conhece pelo que temos o direito de fazer as nossas suposições. E, se multiplicarmos os 50 cêntimos por milhares de professores todos os anos, já dá uma quantia bastante razoável.
Será que os ministros e afins também compram um impresso para retomar o serviço?
É o país que temos. O Governo não aparece encapuçado, não vem armado mas rouba da mesma maneira. Oferece a si mesmo as leis que lhe permitem roubar legalmente.
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