quarta-feira, 30 de julho de 2008

Gestores e remunerações

Em 2001 ficámos de tanga. Já lá vão sete anos. Mandaram-nos apertar o cinto. Mais e mais. Continuamos de tanga e sem vislumbrar o dia em que vamos poder desapertar o dito cinto. Os funcionários públicos viram os seus vencimentos congelados e, quando viram aumentos, foram sempre inferiores à inflação. Estamos a perder poder de compra todos os anos. Os meses são cada vez mais compridos. Está difícil chegar ao fim do mês sem dívidas. Quando se chega. Mas nestes anos todos o que vemos? Que o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior. E dizem-nos que isto é socialismo.

Do que nós temos poupado, o Estado “deu” 27 milhões de euros, em 2007, a gestores públicos. E, depois de proclamar aos sete ventos que o número de funcionários públicos é exagerado, o Ministro das Finanças admite que o número de gestores públicos aumentou. Afinal estamos a ver quem aumenta os funcionários públicos. E logo os que são pagos a peso de ouro! Os que ganham dez vezes mais que os seus equivalentes alemães! 349 mil euros foi o custo médio por administração. Quantas dezenas de anos um português médio terá que trabalhar para auferir essa quantia? Esses gestores públicos podem ser competentes mas não estão nos lugares pela sua competência. Alegam-me que para se exigir competência tem que se remunerar convenientemente. Então, eu e tantos portugueses que ganham mal, podemos dar-nos ao luxo de ser incompetentes.


Julgava eu, na minha ingenuidade, que ser competente era a obrigação de qualquer trabalhador. Gestor, electricista, economista, médico, padeiro, professor, político…
Afinal ando enganada há mais de meio século. Para se ser competente é preciso ganhar muito, muito dinheiro. Que estúpida tenho sido! A levar a minha profissão tão a sério para ganhar uma miséria. E há quem ganhe muito menos do que eu! Este país não merece os portugueses trabalhadores honestos e competentes que tem. Como diria o meu pai “é dar pérolas a porcos”.

Enquanto continuar a haver cidadãos, amigos dos governantes e colocados em locais estratégicos, que autodefinem o seu vencimento, não me falem em socialismo.

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